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Babá que afirma ter usado Contracep dá à luz em Ribeirão
Isabel de Lima Rodrigues reclama de falta de assistência do laboratório EMS Sigma-Pharma, fabricante do contraceptivo
Felipe nasceu no sábado, um mês antes do previsto, surpreendendo a família, que não tinha berço
nem enxoval pronto
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
Tudo o que a babá Isabel de
Lima Rodrigues, 19, de Ribeirão Preto, queria até novembro
do ano passado era cuidar do
primo de nove anos e curtir o
namoro de oito meses com o funileiro Fernando Santi Logal,
29. No sábado, ela deu à luz Felipe, sem ter carrinho, berço,
enxoval ou compensação pelo
fato de ter engravidado mesmo
tomando contraceptivo.
Isabel é uma das três mulheres que alegam ter ficado grávidas após usar o anticoncepcional injetável Contracep. Disse
que, apesar das promessas, não
recebeu ajuda do fabricante do
contraceptivo, o laboratório
EMS Sigma-Pharma, de Hortolândia. A babá está processando
a EMS por danos morais. A empresa nega que a mulher tenha
engravidado ao usar o remédio.
As outras duas mulheres que
afirmam ter engravidado apesar do uso do Contracep moram no Guarujá e em Itapira. A
artesã Kátia de Souza Floriano,
29, grávida de sete meses, também reclama da falta de assistência. Edivania Tavares dos
Santos, 31, perdeu o bebê.
O Contracep teve sua distribuição, uso e venda suspensos
em 8 de novembro pelo Estado.
Um dia depois, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estendeu a proibição a todo o país. Exames do Instituto
Adolfo Lutz detectaram, em
três lotes, menos hormônio do
que o indicado.
A Anvisa liberou o remédio
em 22 de fevereiro, mas o Estado ainda mantém a suspensão.
Sem berço
Felipe, o bebê de Isabel, nasceu no HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão pesando 2,620
kg e medindo 45 cm. A gestação
durou apenas oito meses, pegando a família de surpresa. "[O
laboratório] Prometeram dar
um enxoval completo, mas até
hoje estamos esperando."
Após a notícia da gravidez, o
casal se casou às pressas. Hoje,
Isabel mora num quartinho na
casa da sogra que não tem berço nem móveis para o bebê. Na
gaveta da cômoda, há apenas
dez peças de roupas de bebê.
Como Felipe nasceu um mês
antes do previsto, Fernando, o
pai, precisou ir anteontem a um
hipermercado para comprar
um carrinho de bebê, horas antes de mãe e filho receberem alta do hospital. "Eu queria pelo
menos que o meu filho tivesse
um convênio médico", disse
Isabel, explicando por que está
processando o laboratório.
Abel "EMS"
Com três filhos e o marido
desempregado, Kátia disse que,
por causa da gravidez inesperada, o casal precisou sair de
Adolfo, no interior paulista, para morar de favor na casa de um
enteado, que os ajuda com roupas e cesta básica.
Ela alega que representantes
do laboratório já lhe fizeram
três visitas e que sempre prometem ajudar com os custos do
pré-natal, mas ainda nada fizeram. Ela também está processando a EMS.
A irritação a faz pensar em
colocar no nome do filho, que
se chamará Abel, a participação
da EMS. "Eu fiz minha parte de
tomar a injeção e meu marido,
de pagá-la. Então, o laboratório
é meio pai da criança também."
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