São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2008

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Rapaz é achado vivo 24 h após naufrágio

Leandro Souza, 18, foi encontrado agarrado a uma moita de capim no rio; já chega a 17 o número confirmado de mortos

Número de desaparecidos no rio Solimões, a 84 km de Manaus, ainda é impreciso; polícia recebeu notificação de 18 pessoas sumidas

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Um dos passageiros do barco que naufragou na madrugada do último domingo em Manacapuru (84 km a oeste de Manaus) foi resgatado com vida ontem de manhã, mais de 24 horas após o acidente.
Também ontem, equipes da Marinha e do Corpo de Bombeiros encontraram mais dois corpos no rio Solimões -o número confirmado de mortos subiu para 17.
Leandro Souza, 18, foi encontrado por pescadores. "Ele estava agarrado ao capim que se forma na água e conseguiu sobreviver", disse Sara Mota, 22, prima do rapaz que foi ontem ao IML (Instituto Médico Legal) de Manaus em busca de outra prima, irmã de Leandro, que ainda está desaparecida.
A notícia do resgate animou muitas famílias, que fazem buscas independentes com barcos.
Como o barco Comandante Sales não tinha lista de passageiros, o número de sobreviventes e desaparecidos ainda era impreciso ontem.
Até o final da tarde, 18 nomes de passageiros desaparecidos haviam sido registrados por familiares na Polícia Civil em Manacapuru. O barco tinha capacidade para 50 pessoas.
Dos 17 mortos confirmados, sete eram homens e dez, mulheres. Tinham de 14 a 44 anos. Apenas uma mulher não havia sido identificada até ontem.
O Corpo de Bombeiros estima que o barco de madeira, de dois andares e cerca de 20 metros de comprimento, tenha naufragado com cerca de 80 pessoas. Segundo a Marinha, a embarcação estava em situação irregular na Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental.
O delegado Antônio Rodrigues, que abriu inquérito para apurar se houve negligência, imperícia e excesso de passageiros, afirmou que como há dados desencontrados sobre os passageiros do barco, só irá confirmar o número de desaparecidos se as famílias registrarem os casos na polícia.
Em razão da correnteza, que pode ter levado corpos para longe, as buscas se estenderam por um raio de 30 km -do local do acidente até a costa do Iranduba, a 25 km de Manaus.

Remoinho
Sobreviventes do naufrágio relataram que, devido ao excesso de passageiros, o barco não conseguiu passar por um remoinho, movimento em círculo causado pelo cruzamento de ondas ou ventos, também chamado de "rebojo". O barco tombou para a esquerda com a força das águas e ficou com a lateral totalmente submersa.
A maior parte dos passageiros era de adolescentes de comunidades católicas. Eles participaram da festa do Divino Espírito Santo na comunidade Lago do Pesqueiro.
O retorno a Manacapuru seria feito em viagem de barco de uma hora. O acidente foi logo após metade do percurso.
O dono do barco, Francisco Alves Sales, 44, que morreu no acidente, não fez a contagem dos passageiros, que pagaram R$ 5 pela viagem.
Em janeiro, ele chegou a ser autuado por não ter a documentação exigida e navegar sem tripulação habilitada.


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