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MARIA INÊS DOLCI
Itens para o saco de bondades eleitorais
Os presidenciáveis deveriam defender o enquadramento dos bancos no Código de Defesa do Consumidor
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NADA COMO um período eleitoral ou reeleitoral para que
os menos favorecidos se sintam, momentaneamente, felizardos. Um exemplo: desde maio de
2004, o crédito consignado para
aposentados, com parcelas descontadas em folha e risco zero para os
bancos, movimentou R$ 13,7 bilhões. Até maio, eram 8,5 milhões de
contratos acumulados.
Pois bem, o Conselho Nacional de
Previdência Social (CNPS) decidiu,
na última quarta, fixar um teto de
2,9% ao mês para as taxas de juros
de empréstimos consignados. Não
será um refresco, não, uma vez que
representa um juro anual superior a
38% -a inflação não deve superar os
4%. Um negocião, ainda, para as instituições financeiras, mas menor do
que a facada de até agora.
Uma perguntinha: por que, ao
criar o programa, o governo federal
não estabeleceu um limite de juros,
evitando que milhões de aposentados se endividassem, talvez julgando que estivessem ampliando sua
renda? Bem, se tivesse feito isso, o
impacto eleitoral, a dois anos do
pleito, seria bem menor.
Como eleitora e cidadã, tive uma
idéia: reivindicar ações bem mais
abrangentes, permanentes e sérias,
da parte dos candidatos às próximas
eleições. Essa pauta, se adotada, melhoraria muito a vida dos brasileiros,
principalmente dos que costumam
ficar à margem de tudo. Divido por
tópicos porque sei o quanto os candidatos são ocupados e, em alguns
casos, refratários à leitura.
Bancos: Os presidenciáveis deveriam defender, em alto e bom som, o
enquadramento dos bancos no Código de Defesa do Consumidor. Como o Supremo Tribunal Federal
tem sido tão afável com autoridades,
talvez acelerasse o julgamento e enquadrasse os bancos no CDC, o que,
aliás, já deveria ter ocorrido.
BNDES: Enquanto os paulistanos
roem as unhas em intermináveis
congestionamentos de trânsito, o
BNDES financiou estações do metrô de Caracas. Sim, onde quem governa é o amigão Chavez. O Rodoanel, vital para o trânsito paulista,
não tem provocado tanta gentileza.
Gás: Os candidatos poderiam se
comprometer, publicamente, a defender os interesses do Brasil na disputa com a Bolívia em torno do gás
que usamos nos carros, nos lares e
nas indústrias. Uma dica: a nossa capital não é La Paz.
Padronização de pesos e medidas:
Tente comparar preços de produtos
alimentícios como chocolates e biscoitos, cada um com um peso diferente. Padronizá-los realçaria os
itens mais em conta e os mais caros.
Serviços de interesse público: As
agências reguladoras, salvo honrosas exceções, enxergam as empresas
com bons olhos e não pensam nos
consumidores. Que tal, por exemplo, conversar com os amigos da
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, vejam só, desistiram
de considerar a pesquisa de satisfação do consumidor como um dos fatores para reajuste de tarifas?
Serviços públicos: As filas da Previdência Social e as mazelas da saúde pública continuam graves, crescendo bem mais que nosso Produto
Interno Bruto (PIB). Por que não
podemos acessar quase todos os serviços previdenciários na internet? E
por que não fazer censos de idosos
em domicílio para evitar fraudes?
Paro por aqui: há muito mais o que
pedir, mas, pensando bem, a maioria
dos candidatos só tem tempo para
correr atrás de votos.
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