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JUSTIÇA
Ex-corretor já tinha alvará de soltura e seria libertado amanhã
Justiça Civil mantém Chico
Justiça Civil mantém Chico Picadinho preso em Taubaté
RENATO KRAUSZ
da Reportagem Local
Por meio de uma decisão inédita
na esfera jurídica brasileira, o
ex-corretor Francisco Costa Rocha, o Chico Picadinho, 55, mesmo já possuindo alvará de soltura,
não sairá da prisão amanhã, como
estava previsto.
Rocha ficou nacionalmente conhecido por matar e esquartejar
duas mulheres nas décadas de 60 e
70 (leia texto abaixo).
Ele está preso na Casa de Custódia de Taubaté (SP) e o que vai
mantê-lo lá é uma liminar obtida
na Justiça Civil, não na Penal.
A promotoria de Taubaté entrou
em abril na 2ª Vara Civil da cidade
com uma ação de interdição de direitos e obteve a liminar.
Esta ação é utilizada, por exemplo, quando uma pessoa está gastando o dinheiro familiar e os parentes tentam impossibilitá-lo.
No seu caso, Rocha foi impossibilitado de conviver em sociedade.
"Decidimos mantê-lo recolhido
para sua própria segurança e também da sociedade", disse o juiz
Luiz Roberto Ribeiro Bueno, que
concedeu a liminar.
Segundo ele, será feita uma avaliação médica em Rocha a partir
de segunda-feira. O mérito da liminar só será julgado após esta
avaliação. Provavelmente ele será
transferido para um hospital psiquiátrico, segundo o juiz.
A promotora Maria Cristina Bilcher, da Promotoria das Execuções Criminais de São Paulo, já havia tentado, sem sucesso, impedir
a saída de Rocha, transformando
sua pena em medida de segurança
-procedimento adotado para criminosos com problemas mentais.
A juíza das execuções criminais
Fernanda Camacho negou o pedido em dezembro do ano passado e
a promotora entrou com recurso
no Tribunal de Justiça.
O recurso também foi rejeitado,
segundo o advogado do preso, Geraldo Sanches Carvalho, da Procuradoria de Assistência Jurídica.
"Com essa decisão da Justiça Civil, será mantido em um estabelecimento penal um cidadão que já
cumpriu seus deveres", disse.
Segundo ele, a interdição de direitos na área civil para pessoas
com problemas penais está prevista por um decreto de 1934.
"O decreto diz que a pessoa deve ser internada em um manicômio judiciário, mas não pode ser
do sistema prisional. A Casa de
Custódia de Taubaté é do sistema
prisional", diz Carvalho.
O coordenador dos estabelecimentos penitenciários de São Paulo, Lourival Gomes, disse que já há
um hospital público para transferir Rocha -o Hospital Pinel, em
São Paulo-, mas que ele vai permanecer na casa de custódia até a
decisão da Vara Civil de Taubaté.
O presidente da Acrimesp (Associação dos Advogados Criminalistas de São Paulo), Ademar Gomes, diz que nunca ouviu falar de
alguém não poder sair da cadeia
por uma decisão da esfera civil.
"O que estão fazendo com ele
(Rocha) é parecido com o que fizeram com o Luz Vermelha (João
Acácio da Costa). Não recuperam
na prisão e depois tentam manter
a pessoa presa."
Lourival Gomes também afirma
que não tem conhecimento de um
caso como esse. "Acredito que é
difícil isso ter acontecido na história do sistema prisional.
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