São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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DROGAS

Texto é dirigido a médicos

Manual vai orientar o tratamento de usuário

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os médicos sabem que as drogas estão por trás de grande parte das urgências hospitalares e das doenças que eles mesmos enfrentam. Sabem também que o profissional mais indicado para detectar as dependências e orientar no tratamento são eles próprios.
Na prática, no entanto, o médico não sabe como diagnosticar o paciente, não tem diretrizes para tratá-lo ou encaminhá-lo e, muitas vezes, enfrenta a questão com preconceito e moralismo.
Se depender das instituições médicas, esse quadro está chegando ao fim.
A Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CRM) lançaram ontem um manual para "orientação e tratamento de usuários de cigarro, álcool e drogas".
O manual é uma das cem diretrizes que a Associação Médica Brasileira está preparando sobre a grande maioria das doenças, declarou Eleuses Vieira de Paiva, presidente da entidade.
A diretriz é um guia prático para o médico não-especialista.
As drogas são divididas em álcool, tabaco, anfetaminas (inibidores do apetite e estimulantes), benzodiazepínicos (tranquilizantes), opiáceos, cocaína, maconha e solventes.
O manual descreve conceitos, padrões de consumo, riscos relacionados, os critérios de diagnóstico e complicações clínicas.
"Não se trata de um consenso -um caminho a ser seguido-, mas de uma diretriz que o médico adotará de acordo com o perfil do paciente", diz Moacyr Roberto Cuce Nobre, que coordena o projeto Diretrizes, da AMB.

Saúde Pública
O manual coloca a questão da droga na sua condição de saúde pública, observa Regina Parizi. Da atual diretriz, participaram cerca de 60 especialistas das principais instituições que lidam com o tema, numa unanimidade nem sempre vista nesse meio.
Mesmo o conceito de "redução de danos", que divide parte dos profissionais, está implícito na sua essência.
"Todo médico está orientado a cuidar de todos os pacientes, mesmo daqueles que não conseguem ou não querem abandonar a droga", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, que coordenou o manual. "A política será sempre de inclusão."


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