|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ERA UMA VEZ...
Na era do blog, autores amadores guardam no papel fatos para deixar para a posteridade
Livros contam vida íntima de anônimos
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a história de um país pode
ser contada por meio da vida de
seus habitantes, as próximas gerações terão farto material de
pesquisa. Cada vez mais pessoas
estão preocupadas em registrar
suas vidas, seja editando livros
pessoais, seja enviando depoimentos para o Museu da Pessoa,
seja comprando livros exclusivos para contar aos filhos como
era o mundo quando nasceram.
Há oito meses, a livraria carioca Armazém Digital lançou um
projeto para editar obras de
quem nunca sonhou ser escritor,
mas sempre gostou de escrever.
"Percebemos que tinha muita
gente que faz poesias ou que
quer registrar a história da sua
família ou do seu bairro e que
não tinha onde imprimir", diz o
dono da empresa, Jack London.
Uma tiragem mínima de dez
exemplares com cem páginas sai
por R$ 180, sem foto e com uma
das seis capas-padrão da editora.
O maior sucesso lá é o "Receitas
até debaixo d'água", escrito por
oito senhoras com mais de 80
anos que fazem hidroginástica
juntas e ficam trocando receitas
do tempo das avós delas. Vendeu mais de mil exemplares.
Rosali Henriques, responsável
pelo acervo e pelo site do Museu
da Pessoa, afirma que a mania
dos blogs chegou a frear a procura. "Mas as pessoas começaram
a perceber que a página na internet é mais efêmera", diz.
"Quem mais escreve são mulheres, entre 25 e 40 anos, que
contam sobre pais e avós. Acho
que elas têm mais paciência."
São elas, em geral futuras mamães, as principais clientes de
Abelardo Villas-Bôas, que há
um ano e meio resolveu editar o
livro "Acontecia enquanto eu
nascia". As seções dizem qual
era a moeda da época e quanto
custavam itens como pão e leite,
que time ganhou o campeonato,
que novela passava na TV etc.
"Um pai, por exemplo, me pediu para colocar a capa da "Playboy" para que seu filho visse como eram as mulheres da época."
A publicitária Fabiana Catto,
36, mãe de Fernando, 4, ganhou
o livro, de R$ 79, da mãe e foi
correndo preencher dados que
faltavam. "Ele adorará ver como
era o mundo quando nasceu."
Texto Anterior: Universidade: 347 mil fazem exame do ensino superior hoje Próximo Texto: Prêmio: Empreendedor Social define os finalistas Índice
|