São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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ERA UMA VEZ...

Na era do blog, autores amadores guardam no papel fatos para deixar para a posteridade

Livros contam vida íntima de anônimos

DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Se a história de um país pode ser contada por meio da vida de seus habitantes, as próximas gerações terão farto material de pesquisa. Cada vez mais pessoas estão preocupadas em registrar suas vidas, seja editando livros pessoais, seja enviando depoimentos para o Museu da Pessoa, seja comprando livros exclusivos para contar aos filhos como era o mundo quando nasceram.
Há oito meses, a livraria carioca Armazém Digital lançou um projeto para editar obras de quem nunca sonhou ser escritor, mas sempre gostou de escrever. "Percebemos que tinha muita gente que faz poesias ou que quer registrar a história da sua família ou do seu bairro e que não tinha onde imprimir", diz o dono da empresa, Jack London.
Uma tiragem mínima de dez exemplares com cem páginas sai por R$ 180, sem foto e com uma das seis capas-padrão da editora. O maior sucesso lá é o "Receitas até debaixo d'água", escrito por oito senhoras com mais de 80 anos que fazem hidroginástica juntas e ficam trocando receitas do tempo das avós delas. Vendeu mais de mil exemplares.
Rosali Henriques, responsável pelo acervo e pelo site do Museu da Pessoa, afirma que a mania dos blogs chegou a frear a procura. "Mas as pessoas começaram a perceber que a página na internet é mais efêmera", diz.
"Quem mais escreve são mulheres, entre 25 e 40 anos, que contam sobre pais e avós. Acho que elas têm mais paciência."
São elas, em geral futuras mamães, as principais clientes de Abelardo Villas-Bôas, que há um ano e meio resolveu editar o livro "Acontecia enquanto eu nascia". As seções dizem qual era a moeda da época e quanto custavam itens como pão e leite, que time ganhou o campeonato, que novela passava na TV etc.
"Um pai, por exemplo, me pediu para colocar a capa da "Playboy" para que seu filho visse como eram as mulheres da época."
A publicitária Fabiana Catto, 36, mãe de Fernando, 4, ganhou o livro, de R$ 79, da mãe e foi correndo preencher dados que faltavam. "Ele adorará ver como era o mundo quando nasceu."


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