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País busca combinar educação de jovens e profissionalização
Governos e especialistas discutem em Brasília como melhorar a escolaridade de jovens e também prepará-los para o mercado
Índices de desemprego e de alunos fora da escola
são preocupantes no momento em que o Brasil vive sua maior onda juvenil
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quando tinha 16 anos, Fábio
Cardoso da Rosa decidiu trocar
a casa da mãe pela da irmã e, para isso, precisou trabalhar. Parou de estudar na sétima série.
Há quatro anos, Alan de Oliveira Nunes deixou a oitava série
para fazer "bicos" porque precisou ajudar a manter a casa.
Ambos voltaram às aulas há
três meses, em Gama (DF),
atraídos pela possibilidade de
completar os estudos e, ao mesmo tempo, fazer curso de profissionalização. É exatamente o
desafio de combinar programas
que aumentem a escolaridade
dos jovens com a preparação
para o mercado de trabalho o
tema da 1ª Conferência Nacional de Educação Profissional e
Tecnológica, que começou ontem e vai até quarta-feira.
O evento reunirá pesquisadores, especialistas e governos.
Avaliará projetos como ProJovem e Escola de Fábrica, que
dão bolsas para que os alunos
terminem os estudos e façam
cursos de capacitação. Também debaterá como ampliar a
oferta de vagas.
Outro tema será o financiamento da rede de ensino profissional, hoje sem uma forma
permanente de sustentação.
Após a revogação de uma lei de
1998, a União voltou no ano
passado a investir na ampliação
de escolas técnicas. Estão prometidas 32 até o fim do ano e
outras 32 para 2007, que se somarão às cerca de 140 já sob a
responsabilidade federal. A
previsão é aplicar mais de R$ 1
bilhão no setor em 2007.
Nesse contexto também está
o Proep (Programa de Expansão da Educação Profissional),
iniciado em 1998 em parceria
com o Banco Interamericano
de Desenvolvimento, com R$
600 milhões para construir e
equipar escolas. No debate eleitoral, o candidato Geraldo
Alckmin (PSDB) atacou o petista Luiz Inácio Lula da Silva
dizendo que havia sido paralisado. O ministro Fernando
Haddad diz que o Proep foi reavaliado em 2003 porque algumas escolas previstas não tinham viabilidade. Obras em
andamento foram concluídas.
Agora, negocia-se o Proep 2.
Juventude
Tudo isso porque o Brasil vive a maior onda jovem, com 35
milhões de brasileiros de 16 a
24 anos. Mas a faixa de 16 e 17
anos enfrentava em 2004 uma
taxa de desemprego de 24,2%,
muito maior que a média nacional -10%. Houve ainda aumento de jovens de 15 a 17 anos
fora da escola de 2003 a 2005,
atingindo 18% (leia texto).
"O Brasil não tem uma cultura de adotar o ensino técnico na
escola pública. Isso está fazendo com que o nível médio atraia
cada vez menos o jovem. Nosso
desafio é combinar a educação
de jovens e adultos com a profissionalização", defende Haddad. Para ele, outro ponto que
precisa ser discutido é a aproximação do Sistema S (Senai, Sesi
etc.) com a o ensino médio.
O presidente do Consed
(Conselho Nacional de Secretários de Educação), Mozart Neves Ramos, destaca que é preciso pensar em formas de atrelar
a formação profissional à cadeia produtiva. "Às vezes, o emprego existe, mas não há mão-de-obra preparada para preencher as vagas", diz.
Grau completo
A pesquisa "O Efeito-Diploma no Brasil", de Anna Crespo
(Princeton University) e Maurício Cortez Reis (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada),
mostra que, quando a pessoa
completa um grau de estudo,
pode ter rendimento maior. O
primário completo aumenta
15% os rendimentos. Secundário e o superior, 18% e 23%.
É exatamente essa possibilidade que levou Fábio e Alan de
volta aos bancos escolares.
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