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PF ajudará a investigar atuação de angolanos na chacina no Rio
da Sucursal do Rio
A Polícia Civil pedirá ajuda à
Polícia Federal para investigar a
participação de refugiados angolanos no tráfico de drogas e na
chacina na favela Nova Holanda.
Na noite de quinta-feira, cerca
de 30 homens entraram na favela
em dois caminhões e mataram
seis pessoas. Os invasores eram
traficantes do morro do Timbau,
que estão em guerra com os de
Nova Holanda pelo controle dos
pontos-de-venda da droga. Usavam roupas camufladas, fuzis
AK-47 e sistema de rádio.
A 21ª DP (Delegacia Policial),
em Bonsucesso (zona norte), que
acompanha o caso, recebeu informações de que os traficantes do
Timbau recrutaram refugiados
angolanos e estão aprendendo
com eles táticas de guerrilha.
"O uso dos caminhões, a chegada de surpresa e à luz do dia, a camuflagem, tudo isso são táticas
que os traficantes daqui não usavam e estão usando agora. Estamos investigando", afirmou o
chefe de investigações da delegacia, Antônio Augusto de Abreu.
Abreu disse que os primeiros
dados sobre os angolanos surgiram há aproximadamente dois
meses e que a delegacia vem investigando o caso desde então.
Ações como as da Nova Holanda são conhecidas pela polícia por
dois nomes: o "bonde suicida",
que vai para matar ou morrer, ou
o "ataque soviético", que vai, atira
e volta rápido. O ataque foi tão organizado que os invasores tinham
até um sistema de rádio para monitorar a chegada dos policiais.
O secretário da Segurança Josias
Quintal designou o diretor das
delegacias especializadas, Marcos
Reimão, para dirigir a investigação sobre os angolanos.
A Polícia Federal informou que
não dispõe de informações concretas sobre a participação de refugiados angolanos no tráfico,
mas que está à disposição da Polícia Civil para as investigações.
A assessoria informou que a PF
poderá inclusive fazer um levantamento dos angolanos que vivem nas favelas do Complexo da
Maré. Os relatórios da PF indicam
que muitos outros africanos, especialmente os nigerianos, atuam
no tráfico servindo de "mulas"
(transportadores de cocaína).
Na Nova Holanda, o clima foi de
tensão durante o fim-de-semana.
PMs ocupam o local, e moradores
temem novas invasões.
Segundo a Cáritas, entidade ligada à Arquidiocese e responsável pela assistência aos refugiados, vivem no Rio cerca de 1.700
beneficiados com asilo político,
sendo 1.100 angolanos. Cada um
recebe R$ 130 mensais, pagos com
recursos da ONU (Organização
das Nações Unidas).
O diretor da Cáritas, Cândido
Feliciano da Ponte Neto, disse que
alguns refugiados angolanos moram em favelas -inclusive no
Complexo da Maré, onde se localiza a Nova Holanda-, mas que
desconhece a participação deles
no tráfico. "Recebemos a informação com surpresa. Acho que o
caso tem de ser investigado com
rigor, porque temo que essa acusação só aumente o preconceito
contra os refugiados", afirmou.
Neto disse também que, caso fique comprovada a participação
de algum refugiado no tráfico, ele
tem de responder criminalmente
de acordo com as leis brasileiras.
Não pode ser extraditado, pois o
direito de asilo é internacional.
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