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Escola manifestou-se contra apreensão de alegorias a pedido da igreja
Problema técnico frustra protesto da Unidos da Tijuca
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
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Ala da escola de samba Unidos da Tijuca, que abriu o segundo dia de desfiles no Sambódromo do RJ e foi bastante aplaudida pelo público em razão do protesto contra a pressão religiosa |
ALEXANDRE MARON
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
MARCELO OLIVEIRA
enviado especial ao Rio
A Unidos da Tijuca abriu ontem
o segundo dia do desfile do Grupo
Especial com um "protesto frustrado" pela pressão da Igreja Católica contra o uso de símbolos religiosos no Carnaval: o painel com
a imagem de Nossa Senhora da
Boa Esperança tinha apenas uma
silhueta branca em seu lugar.
O painel era encoberto por uma
persiana com a cruz de Malta pintada. Um problema técnico com a
persiana, que não abria e fechava
como programado, atrapalhou o
protesto, porque mais se via a
cruz que a silhueta da santa. Na
frente do painel, dançavam o travesti Aloma e a atleta Dora Bria.
O painel empolgou o público.
Saiu no carro que simbolizava as
navegações portuguesas no enredo sobre o descobrimento do Brasil. A imagem foi dada por dom
Manuel, rei de Portugal, a Pedro
Álvares Cabral.
O carnavalesco da escola, Chico
Spinoza, disse que o novo painel
representava "uma ausência".
A "polêmica da santa" foi o assunto da semana porque a Arquidiocese do Rio conseguiu apreender o painel e uma cruz de madeira. A Justiça liberou as alegorias.
No sábado, representantes da
escola e da Arquidiocese chegaram a novo acordo: ficou decidido que a cruz sairia no carro representando a primeira missa no
Brasil, mas o painel seria modificado.
A Unidos da Tijuca acabou capitalizando positivamente os efeitos da "polêmica da santa": criou
uma expectativa incomum para o
primeiro desfile da noite, reservado a escolas vindas do Grupo de
Acesso, espécie de segunda divisão do desfile.
A atriz Maitê Proença, destaque
da Unidos da Tijuca, disse que
símbolos religiosos não são propriedade da Igreja Católica. "A
idéia era fazer uma homenagem.
Se a igreja não gosta da festa, que
brigue com o Carnaval, faça um
plebiscito, para ver quem é mais
forte", afirmou.
A atleta Dora Bria, destaque no
carro da santa, discordou. Disse
que não gostou da presença de
um travesti ao lado do painel.
"Acho desrespeitoso, mas não
vou criar caso agora", afirmou.
Se dependesse de torcida, a
Mangueira, segunda escola prevista para passar ontem, poderia
levantar a avenida. Antes mesmo
de o desfile ter início, mangueirenses já lotavam as arquibancadas com bandeiras e balões verde-rosa. Eles ovacionaram o mangueirense Jamelão, 86, o mais antigo dos puxadores.
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