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PERNAMBUCO
Evento realizado em Olinda reúne cerca de 8.000 participantes, de 23 municípios
Cortadores de cana viram reis no encontro dos maracatus
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Olinda
Cortadores de cana-de-açúcar,
pedreiros e serventes da Zona da
Mata foram a grande atração do
Carnaval de Pernambuco, ontem
em Olinda (6 km de Recife).
Cerca de 8.000 deles, vindos de
23 municípios, se reuniram para
participar do 8º Encontro dos
Maracatus de Baque Solto, também conhecido como rural.
Fantasiados de guerreiros, reis e
rainhas, eles se apresentaram no
Ilumiara Zumbi, anfiteatro ao ar
livre construído há cinco anos pelo então secretário estadual da
Cultura, Ariano Suassuna.
Manifestação cultural de origem africana, o maracatu de baque solto surgiu há mais de um
século na zona canavieira de Pernambuco, trazido pelos negros.
Todos os anos seus integrantes,
ligados ao candomblé, seguem
um ritual antes das apresentações
que inclui, em pleno Carnaval, a
abstinência sexual por 15 dias para os chamados "guerreiros".
A abstinência, diz o coordenador do encontro e mestre de maracatu Manoel Salustiano Soares,
54, serve para purificar o corpo.
"Quem não faz isso adoece, tem
desarranjo ou dor-de-cabeça."
Para simbolizar essa pureza, os
guerreiros carregam um cravo
branco na boca enquanto dançam. No final da apresentação,
eles nunca sorriem. "Para nós, o
maracatu é uma coisa séria", explica mestre Salustiano.
Apesar da base religiosa, os grupos sofreram influências indígenas e fusões de outros folguedos
populares nordestinos, como o
cavalo marinho e o pastoril.
Seus integrantes desfilam vestidos com roupas coloridas e os
guerreiros, conhecidos também
pelo nome de caboclos-de-lança,
usam mantos com chocalhos de
ferro presos na base.
As roupas, feitas de veludo com
bordados, miçangas e lantejoulas,
pesam entre 14 e 45 quilos.
Ontem, 80 dos 87 grupos de maracatus do Estado participaram
do encontro. As apresentações
começaram às 9h.
O escritor Ariano Suassuna e o
virtual candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio
Lula da Silva, foram homenageados durante o evento.
Vestindo bermuda, chapéu de
palha e uma camiseta do Sindicato dos Servidores Federais do Estado com a inscrição "Carnaval
2000, pau em FHC", Lula foi chamado ao palco e ouviu elogios de
um mestre de maracatu.
Ariano Suassuna também foi
chamado ao palco e, em seu discurso, ressaltou a "valorização"
da rabeca e da viola, instrumentos
típicos da música pernambucana.
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