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TÚNEL DO TEMPO
Crescimento das cidades gerou baile de salão
Progresso expulsou o Carnaval do centro
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
O crescimento das cidades expulsou de vez o Carnaval de rua
das regiões centrais.
A transformação coincidiu com
o fim dos casarões e o surgimento
das casas comerciais no local.
Foi a época dos grandes bailes
nos salões, do início das escolas de
samba e da descentralização da
festa -fato que mais tarde daria
origem aos sambódromos.
Houve uma mudança de espaço: os mais ricos se refugiaram
nos salões fechados, em busca de
privacidade, enquanto os demais
pulavam o Carnaval nas ruas.
No começo do século, a elite
desfilava pelo centro, enquanto
blocos e cordões ficavam afastados, formados por vizinhos e parentes, sob a fiscalização policial.
""O subúrbio passou a ser o único espaço disponível para a festa
de rua", diz Hiram Araújo, 69, diretor de cultura da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
Na década de 50, as marchinhas
conquistaram as rádios, as fantasias de pierrô estavam em alta e o
desfile carioca começou a influenciar o Carnaval de São Paulo.
A popularização foi o primeiro
passo para a transformação da
festa em um megaevento anual,
capaz de movimentar milhões.
Em 84, o Rio inaugurava seu
sambódromo, seguido depois por
São Paulo e por outros municípios.
Os refrões das marchas cedem
espaço para os sambas-enredos,
gravados até em discos.
""Não há como ser saudosista ou
dizer que houve decadência. O
Carnaval se transformou em espetáculo", diz Araújo.
A diferença entre São Paulo e
Rio está no tipo de samba, segundo historiadores: cariocas estão
mais próximos do som afro, enquanto os paulistas misturam ritmos, como resultado da imigração do começo do século.
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