São Paulo, terça-feira, 07 de março de 2000


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TÚNEL DO TEMPO
Crescimento das cidades gerou baile de salão
Progresso expulsou o Carnaval do centro

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

O crescimento das cidades expulsou de vez o Carnaval de rua das regiões centrais.
A transformação coincidiu com o fim dos casarões e o surgimento das casas comerciais no local.
Foi a época dos grandes bailes nos salões, do início das escolas de samba e da descentralização da festa -fato que mais tarde daria origem aos sambódromos.
Houve uma mudança de espaço: os mais ricos se refugiaram nos salões fechados, em busca de privacidade, enquanto os demais pulavam o Carnaval nas ruas.
No começo do século, a elite desfilava pelo centro, enquanto blocos e cordões ficavam afastados, formados por vizinhos e parentes, sob a fiscalização policial.
""O subúrbio passou a ser o único espaço disponível para a festa de rua", diz Hiram Araújo, 69, diretor de cultura da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.
Na década de 50, as marchinhas conquistaram as rádios, as fantasias de pierrô estavam em alta e o desfile carioca começou a influenciar o Carnaval de São Paulo.
A popularização foi o primeiro passo para a transformação da festa em um megaevento anual, capaz de movimentar milhões.
Em 84, o Rio inaugurava seu sambódromo, seguido depois por São Paulo e por outros municípios.
Os refrões das marchas cedem espaço para os sambas-enredos, gravados até em discos.
""Não há como ser saudosista ou dizer que houve decadência. O Carnaval se transformou em espetáculo", diz Araújo.
A diferença entre São Paulo e Rio está no tipo de samba, segundo historiadores: cariocas estão mais próximos do som afro, enquanto os paulistas misturam ritmos, como resultado da imigração do começo do século.


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