São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Amorim se irrita e vê situação "inacreditável"

Ministro das Relações Exteriores critica a atitude da Espanha de reter brasileiros em seus aeroportos e exige reciprocidade

Brasil está levantando as exigências feitas pela Espanha para a admissão de brasileiros, para repeti-las aqui para os espanhóis

Kena Betancur/EFE
O ministro Celso Amorim, que está na República Dominicana

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse ontem que a atitude da Espanha de reter brasileiros em seus aeroportos é "desagradável" e "incompatível com o status de segundo investidor do Brasil". Seu tom era irritado.
"Você não pode comer o bolo todo o tempo inteiro. Tem que haver reciprocidade, tem que ter tolerância. Afinal de contas, a União Européia não prega a tolerância?", perguntou ele, falando à Folha da República Dominicana, onde está para reuniões de chanceleres e presidentes das Américas.
Amorim lamentou que tenha acertado um tratamento adequado aos brasileiros em conversas diretas com ministros espanhóis, numa espécie de compromisso. "E nada aconteceu", disse ele ontem, classificando a própria nota do Itamaraty como "muito dura".
Nessa nota, divulgada depois do encontro do vice-chanceler, Samuel Pinheiro Guimarães, com o embaixador da Espanha, Ricardo Peidró, o Brasil declara "inconformidade" e "insatisfação" diante da situação.
Conforme a Folha apurou, o Brasil exige reciprocidade de tratamento e está levantando as exigências que a Espanha faz para cidadãos brasileiros entrarem no país, para poder repetir aqui para os espanhóis.
O foco é a Espanha, mas o Itamaraty deixa claro que as medidas abrangerão a União Européia, porque não só a Espanha mas também outros países, como o Reino Unido, têm sistematicamente maltratado brasileiros nos seus aeroportos, alegando usarem "critérios da União Européia".
"É preciso lembrar que havia problemas também em Portugal, mas eles estão melhorando lá. Se eles podem melhorar, por que os outros também não podem?", diz Amorim.
Ele disse que, no caso da Espanha, a situação só vem piorando. Antes, eram, em média, dois problemas por dia com brasileiros nos aeroportos, pulou para sete ou oito e passou de 15 num só dia. "É uma coisa extraordinária, inacreditável."
"Haverá retaliação?", perguntou-lhe a Folha. Ele parou, pensou e respondeu diplomaticamente: "Retaliação não é um termo que me agrade. Digamos que é preciso conversar muito e chegar a um bom termo, porque tudo é uma questão de reciprocidade". Amorim disse que o problema não é com o povo espanhol e lembrou que é neto de uma espanhola.


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