|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Foram encontrados alimentos em temperatura inadequada e fora da validade; alunos reclamavam havia dois anos
Prefeitura interdita restaurante da PUC
DA REPORTAGEM LOCAL
Reincidente em irregularidades
sanitárias, o restaurante universitário da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, que
serve cerca de 600 refeições por
dia, foi interditado ontem pela Secretaria Municipal da Saúde.
A reportagem não conseguiu falar com a empresa terceirizada
responsável pelo serviço, a Urso
Polar, até o fim da tarde de ontem.
Foram encontrados alimentos
em temperatura inadequada,
com data de validade vencida e
sem identificação do fabricante. O
restaurante só será autorizado a
reabrir após sanadas as irregularidades. A multa, ainda não definida, poderá chegar a R$ 30 mil.
Em março deste ano foram registrados pelo menos 35 casos de
intoxicação na universidade. Todos os intoxicados eram clientes
do local, diz a subgerente da vigilância de alimentos, Ana Paula
Randi. Apresentavam um quadro
de vômito, diarréia e cefaléia.
A reitoria da universidade, em
litígio com o restaurante -que
entrou com ação para evitar a interrupção de contrato-, avisou a
Vigilância Sanitária, que foi ao local e recolheu amostras de alimentos. Verificou que eram mantidos em uma temperatura inadequada, e a empresa foi orientada a
fazer correções.
Na análise das amostras, concluída na última terça, a vigilância
verificou alto nível de coliformes
fecais no frango grelhado e na cenoura. Decidiu, então, retornar ao
local ontem.
Além da questão da temperatura e dos itens vencidos, garrafas
de bebidas eram "guardadas" diretamente sobre o chão. O lixo estava em local próximo à cozinha.
Segundo Randi, pratos de arroz
e macarrão esperavam horas, sem
refrigeração, para serem levados
ao "bandejão". De acordo com a
gerente, pessoas debilitadas, como portadores do vírus da Aids e
de câncer, que sofram uma intoxicação podem até morrer.
"É uma novela. Há dois anos o
movimento estudantil organizado tenta fechar o local", explica
Maria Fernanda Bolognese, 21, estudante de economia do campus.
De acordo com ela, foi realizada
uma pesquisa e o ""bandejão" era
um dos mais caros do Brasil."
A vice-reitora comunitária da
PUC, Branca Jurema Ponce, reconhece que problemas com o restaurante começaram há dois
anos. Mas, segundo ela, após um
diálogo com o proprietário, a
PUC esperava melhorias. Não
aconteceram e, quando a universidade tentou cancelar o contrato
em 2003, descobriu que o dono
movera uma ação renovatória,
pedindo mais cinco anos. Diz ter
formado freguesia no local. "Isso
nos amarrou", afirma.
(FABIANE LEITE E FERNANDA MENA)
Texto Anterior: Mães vêem com esperança coleta de recém-nascido Próximo Texto: Especialistas debatem aumento de casos de Aids em regiões de fronteira Índice
|