São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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SAÚDE

Foram encontrados alimentos em temperatura inadequada e fora da validade; alunos reclamavam havia dois anos

Prefeitura interdita restaurante da PUC

DA REPORTAGEM LOCAL

Reincidente em irregularidades sanitárias, o restaurante universitário da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, que serve cerca de 600 refeições por dia, foi interditado ontem pela Secretaria Municipal da Saúde.
A reportagem não conseguiu falar com a empresa terceirizada responsável pelo serviço, a Urso Polar, até o fim da tarde de ontem.
Foram encontrados alimentos em temperatura inadequada, com data de validade vencida e sem identificação do fabricante. O restaurante só será autorizado a reabrir após sanadas as irregularidades. A multa, ainda não definida, poderá chegar a R$ 30 mil.
Em março deste ano foram registrados pelo menos 35 casos de intoxicação na universidade. Todos os intoxicados eram clientes do local, diz a subgerente da vigilância de alimentos, Ana Paula Randi. Apresentavam um quadro de vômito, diarréia e cefaléia.
A reitoria da universidade, em litígio com o restaurante -que entrou com ação para evitar a interrupção de contrato-, avisou a Vigilância Sanitária, que foi ao local e recolheu amostras de alimentos. Verificou que eram mantidos em uma temperatura inadequada, e a empresa foi orientada a fazer correções.
Na análise das amostras, concluída na última terça, a vigilância verificou alto nível de coliformes fecais no frango grelhado e na cenoura. Decidiu, então, retornar ao local ontem.
Além da questão da temperatura e dos itens vencidos, garrafas de bebidas eram "guardadas" diretamente sobre o chão. O lixo estava em local próximo à cozinha.
Segundo Randi, pratos de arroz e macarrão esperavam horas, sem refrigeração, para serem levados ao "bandejão". De acordo com a gerente, pessoas debilitadas, como portadores do vírus da Aids e de câncer, que sofram uma intoxicação podem até morrer.
"É uma novela. Há dois anos o movimento estudantil organizado tenta fechar o local", explica Maria Fernanda Bolognese, 21, estudante de economia do campus. De acordo com ela, foi realizada uma pesquisa e o ""bandejão" era um dos mais caros do Brasil."
A vice-reitora comunitária da PUC, Branca Jurema Ponce, reconhece que problemas com o restaurante começaram há dois anos. Mas, segundo ela, após um diálogo com o proprietário, a PUC esperava melhorias. Não aconteceram e, quando a universidade tentou cancelar o contrato em 2003, descobriu que o dono movera uma ação renovatória, pedindo mais cinco anos. Diz ter formado freguesia no local. "Isso nos amarrou", afirma.
(FABIANE LEITE E FERNANDA MENA)


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