São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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Professor de Mossoró ganha 3 vezes mais

Além da maior média nacional, Esam tem diferenças entre docentes com a mesma titulação PAULO MOTA
da Agência Folha, em Mossoró

Além de ser a instituição com maior média salarial entre as 52 federais do país, a Esam (Escola Superior de Agricultura de Mossoró) abriga professores que ganham até três vezes mais do que colegas com a mesma titulação.
A média salarial de um professor da ativa na Esam, segundo o Ministério da Educação, é R$ 5.327,00. Nas outras, R$ 2.263. Um inativo da Esam ganha, em média, R$ 7.623, contra R$ 3.132 de outras universidades.
Os altos salários pagos fazem com que 94% do orçamento anual da escola sejam consumidos somente com a folha salarial.
O diretor da escola, João Weine Nobre Chaves, afirma que os salários chegaram ao patamar atual graças a um reajuste de 126,56%, obtido na Justiça do Trabalho, referente a perdas dos planos Bresser, Collor e Verão.
Chaves disse que a vitória dos professores e funcionários foi facilitada porque a defesa da escola deixou de ser feita em algumas instâncias da Justiça do Trabalho. "Os dois procuradores da escola adoeceram justamente na época da defesa", diz Chaves.
Segundo Chaves, a omissão não foi o que determinou o reajuste. "Eu sei que pelo menos 300 professores da Universidade Federal do Ceará conseguiram o que nós conquistamos. Sem a ajuda de procuradores."
A distorção salarial formou duas classes de professores na escola: no topo da pirâmide estão os chamados "primos ricos", que entraram na instituição antes de 1992 e incorporaram os 126,56% aos salários; no andar debaixo, ficam os "primos pobres", que ganham salários iguais aos de seus colegas das demais universidades.

Instalações precárias
Os bons salários contrastam com a precariedade das instalações. A verba mensal de R$ 87 mil para custeio tem sido insuficiente para manter a estrutura funcionando plenamente.
O Laboratório de Irrigação de Manejo está parado há dois anos por falta de R$ 2.000 necessários para consertá-lo.
A verba anual para pesquisas é de R$ 18.500. Para economizar energia elétrica, o campus fica às escuras no período noturno. Chaves afirma que o que mantém a Esam funcionando é a "forte interação" com 15 prefeituras e 27 agroindústrias.
O pólo de agricultura irrigada de Mossoró compreende uma área de 15 mil hectares, emprega cerca de 30 mil pessoas e é responsável por 90% da produção de melão do país.




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