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Professor de Mossoró ganha 3 vezes mais
Além da maior média nacional, Esam tem diferenças entre docentes com a mesma titulação
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Mossoró
Além de ser a instituição com
maior média salarial entre as 52
federais do país, a Esam (Escola
Superior de Agricultura de Mossoró) abriga professores que ganham até três vezes mais do que
colegas com a mesma titulação.
A média salarial de um professor da ativa na Esam, segundo o
Ministério da Educação, é R$
5.327,00. Nas outras, R$ 2.263.
Um inativo da Esam ganha, em
média, R$ 7.623, contra R$ 3.132
de outras universidades.
Os altos salários pagos fazem
com que 94% do orçamento
anual da escola sejam consumidos somente com a folha salarial.
O diretor da escola, João Weine Nobre Chaves, afirma que os
salários chegaram ao patamar
atual graças a um reajuste de
126,56%, obtido na Justiça do
Trabalho, referente a perdas dos
planos Bresser, Collor e Verão.
Chaves disse que a vitória dos
professores e funcionários foi facilitada porque a defesa da escola
deixou de ser feita em algumas
instâncias da Justiça do Trabalho. "Os dois procuradores da
escola adoeceram justamente na
época da defesa", diz Chaves.
Segundo Chaves, a omissão
não foi o que determinou o reajuste. "Eu sei que pelo menos
300 professores da Universidade
Federal do Ceará conseguiram o
que nós conquistamos. Sem a
ajuda de procuradores."
A distorção salarial formou
duas classes de professores na
escola: no topo da pirâmide estão os chamados "primos ricos", que entraram na instituição antes de 1992 e incorporaram os 126,56% aos salários; no
andar debaixo, ficam os "primos pobres", que ganham salários iguais aos de seus colegas
das demais universidades.
Instalações precárias
Os bons salários contrastam
com a precariedade das instalações. A verba mensal de R$ 87
mil para custeio tem sido insuficiente para manter a estrutura
funcionando plenamente.
O Laboratório de Irrigação de
Manejo está parado há dois anos
por falta de R$ 2.000 necessários
para consertá-lo.
A verba anual para pesquisas é
de R$ 18.500. Para economizar
energia elétrica, o campus fica às
escuras no período noturno.
Chaves afirma que o que mantém a Esam funcionando é a
"forte interação" com 15 prefeituras e 27 agroindústrias.
O pólo de agricultura irrigada
de Mossoró compreende uma
área de 15 mil hectares, emprega
cerca de 30 mil pessoas e é responsável por 90% da produção
de melão do país.
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