São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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Saiba quem foi Herbert Marcuse

da Reportagem Local

O filósofo alemão Herbert Marcuse foi um dos principais representantes da Escola de Frankfurt. Marcuse nasceu em Berlim, em 1898. Estudou filosofia em Friburgo, recebendo forte influência de Edmund Husserl e sobretudo de Martin Heidegger.
Ao contrário de Heidegger, porém, Marcuse sempre foi de esquerda. Na juventude, filiou-se ao Partido Social Democrata Alemão (SPD), mas o abandonou no final dos anos 20, por sua incapacidade de promover uma transformação radical na sociedade.
Em 1932, aconselhado por Husserl, integrou-se ao Instituto de Pesquisas Sociais, de Frankfurt, comandado por Max Horkheimer e Theodor Adorno. Com a ascensão do nazismo, foi enviado à filial de Nova York.
Rompe explicitamente com Heidegger (que havia bloqueado sua carreira universitária) e começa a elaborar sua própria teoria, fortemente influenciada pelos pensadores marxistas (notadamente Georg Lukács e Karl Korsch) e pela psicanálise de Sigmund Freud.
De Freud, Marcuse absorve a tese de que a sociedade se fundamenta na repressão dos instintos individuais -em particular pela substituição do princípio do prazer pelo princípio da realidade. Para sobreviver, o homem troca a satisfação imediata de suas necessidades por uma satisfação postergada: o jogo cede lugar ao trabalho, a liberdade cede lugar à segurança. A repressão é o princípio que instaura a civilização.
Mas, enquanto para Freud essa repressão era inerente a toda civilização, para Marcuse a repressão é historicamente determinada. Na sua opinião, o progresso técnico sob o capitalismo criaria as condições para a libertação do indivíduo em relação ao trabalho, permitindo a emergência de uma sociedade não-repressiva, fundada no princípio do prazer.
O problema para Marcuse era que o proletariado -o agente dessa transformação, segundo o marxismo- estava totalmente integrado à sociedade industrial. Por isso concentrava suas esperanças revolucionárias nos setores não-integrados, como os marginalizados, os desempregados -e os estudantes. Daí sua influência nos acontecimentos de 1968.
Marcuse morreu em Munique em 1979.
Suas principais obras foram: " Ontologia de Hegel" (1932), "Razão e Revolução" (1941), "Eros e Civilização" (1955), "O Homem Unidimensional" (1964) e "Contra-Revolução e Revolta" (1972).



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