São Paulo, segunda, 7 de julho de 1997.



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Pedreiro que achou recém-nascida quer mantê-la na família e vai se candidatar à adoção
50 pessoas querem adotar bebê em SP

da FT e da Reportagem Local

O Hospital Waldomiro de Paula que está cuidando da Vitória 2ª, apelido dado para o bebê recém-nascido encontrado anteontem em Itaquera (zona leste) numa sacola de nylon, já recebeu mais de 50 telefonemas de pessoas interessadas em adotá-la.
"Quatro famílias estiveram aqui querendo levar a criança", informou o administrador do Hospital, Luiz Carlos Bento, 42.
Segundo ele, as assistentes sociais estão encaminhando os interessados ao Fórum Itaquera (avenida Pires do Rio, 3915), onde poderão recorrer à adoção.
O pedreiro Leonel Bispo dos Santos, 49, que encontrou a recém-nascida numa obra próxima a sua casa, não está gostando nada do assunto. "Já criei 18 filhos, porque não posso criar mais um?" questionou.
O pedreiro diz que já deu "Suelen Aparecida" (nome que deu à criança) para o filho Aldi, pai de um menino de dois anos, e hoje mesmo vai ao Fórum de Itaquera para se candidatar à adoção. "Ninguém vai tirar essa menina da nossa família. Ela foi um presente de Deus", disse.
Segundo o neonatologista Gustavo Raul Silva Martinez, 41, a Vitória 2ª está bem. O bebê está numa incubadora, pesa 3 kg e mede 46 cm.
"Ela está tomando antibióticos a cada 12 horas por precaução, mas se os exames de sangue de hoje estiverem normais, ela poderá receber alta", informou.
Bebê engorda
O recém-nascido que foi abandonado num saco de lixo e salvo por um lixeiro na última quinta-feira está reagindo ao tratamento no Hospital do Servidor Público Municipal e engordou.
O bebê, que tem sido chamado informalmente de Alexandre e Lúcio (nome do lixeiro que o salvou) pelos funcionários do hospital, engordou 30 gramas.
Segundo o médico Jorge Huberman, chefe do departamento de neonatologia do hospital, o bebê continua sob tratamento com antibióticos.
A icterícia, amarelamento da pele provocado pelo excesso de bilirrubina no sangue, que o bebê apresenta, está sendo tratada com banhos de luz. A suspeita de infecção que os médicos tinham não se manifestou.
Segundo Huberman, os nomes dados ao bebê pelos médicos e funcionários do hospital são para dar um tratamento "mais humano" à criança. Nos registros, a criança não tem nome.
"A gente vai chamar ele de quê? Temos que chamá-lo por um nome." (VIVIAN GOLDMANN e MARCELO OLIVEIRA)


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