São Paulo, quarta-feira, 07 de julho de 2004

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RIO DE JANEIRO

Em Bangu, zona oeste, órgão está fechado desde segunda-feira; 17 escolas também não estão funcionando

Guerra de traficantes fecha subprefeitura

ALESSANDRO FERREIRA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A guerra entre traficantes das favelas do Sapo e do Rebu, na zona oeste do Rio de Janeiro, que teve início na sexta-feira, provocou o fechamento da Subprefeitura de Bangu e de pelo menos 17 escolas da região. O confronto entre as facções criminosas já provocou a morte de três pessoas.
A subprefeitura está fechada desde às 11h de segunda-feira. O subprefeito Sérgio Felippe, 47, no cargo há pouco mais de três meses, disse que tomou a decisão devido à total falta de segurança.
"Ontem chegamos a pedir ajuda à Polícia Militar, mas, mesmo assim, a situação ficou insustentável com a troca de tiros. Espero que possamos funcionar amanhã [hoje], mas só na hora saberemos se é ou não possível abrir as portas", disse Felippe. Ele lembrou que há cerca de três anos a subprefeitura, cuja sede fica de frente para a favela do Sapo, teve que fechar as portas pelo mesmo motivo.
Desde sexta-feira, os traficantes da favela do Rebu, chefiados por Robson André da Silva, o Robinho Pinga, tentam assumir o controle dos pontos-de-venda de drogas da vizinha favela do Sapo. Pinga, que integra a facção criminosa Terceiro Comando Puro, é um dos maiores atacadistas de drogas do Rio, segundo a polícia.
Uma das três pessoas mortas foi a dona-de-casa Luciana Oliveira da Silva, 43, atingida por bala. As outras duas vítimas eram supostos traficantes, segundo a polícia.
A Subprefeitura de Bangu funciona na sede de uma antiga fazenda de café da região. Dez pessoas, incluindo o subprefeito, trabalham no local. Eles atendem moradores de 11 bairros da zona oeste do Rio de Janeiro.

11 mil alunos
Estima-se que 17 escolas e uma creche também não funcionaram ontem nos bairros de Bangu, Senador Camará e Jabour -todos na zona oeste do Rio de Janeiro- por causa da insegurança.
De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Educação, cerca de 11 mil alunos foram prejudicados. Algumas escolas chegaram a abrir as portas, mas o medo de sair de casa fez com que o comparecimento às aulas fosse muito baixo. Na segunda-feira, nove escolas já haviam fechado as portas.
A secretaria informou que a abertura de cada escola fica a cargo dos diretores e da coordenadoria regional de educação. Caso a violência persista, a orientação é manter os alunos em casa.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública informou que qualquer órgão público pode pedir reforço no policiamento por meio de um ofício a ser endereçado ao comando da Polícia Militar, que avalia a solicitação e encaminha para o comandante do batalhão da área.
O subprefeito de Bangu, no entanto, afirmou que fez o pedido diretamente ao comandante do 14º BPM (Bangu) e que foi prontamente atendido. Mas ainda assim achou melhor suspender as atividades no local.

Zona norte
Em Bonsucesso, na zona norte, cerca de cem homens da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) percorreram as vielas da favela da Grota -que integra o complexo de favelas do Alemão- para tentar sufocar o tráfico de drogas no local.
Os traficantes que invadiram o morro do Adeus -em Ramos, também na zona norte-, na madrugada de domingo teriam partido da Grota. Cinco suspeitos foram detidos, mas não foi registrada apreensão de armas ou drogas.
O morro do Adeus continua ocupado por 40 policiais militares. Outros 24 homens do Getam (Grupamento Especial Tático-Móvel) apóiam a ocupação vigiando os principais acessos da favela. De acordo com a polícia, a situação na favela é tranqüila. Mas a ocupação não tem data para acabar. Uma denúncia anônima levou os policiais a um terreno baldio no alto do morro, onde foram apreendidos dez quilos de maconha.


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