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Polícia liga mortes em Caraguatatuba a tráfico de drogas
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A CARAGUATATUBA
Os atendimentos na Funerária Caraguatatuba,
colada a um pronto-socorro, dão boas pistas do perfil das vítimas de homicídios na cidade.
"Quando tem assassinato, em 80% das vezes o caixão é o "social" [modelo
gratuito para quem alega
baixa renda] e o morador é
de Caraguá. Os turistas
que morrem aqui são vítimas de afogamento", diz o
gerente Eduardo Campos,
29, que também apresenta
programa policial em rádio da cidade, com "90 minutos, 16 patrocinadores e
muito assunto".
No município paulista
campeão de homicídios
por habitante em 2008
(em lista que exclui cidades com menos de 50 mil
moradores), a Polícia Civil
diz que nenhum dos 41 assassinados era turista.
"A maior parte das vítimas estava ligada ao tráfico de drogas, mesmo que
como consumidora. Todos
moravam aqui", diz Múcio
Mattos, delegado seccional de São Sebastião, que
cobre a cidade.
Os meses que registraram maior número de assassinatos estavam fora do
auge da temporada: agosto
(sete), setembro (seis) e
novembro (sete). Em dezembro, houve um assassinato na cidade. Em
2009, dois casos até agora.
Ainda assim, a Secretaria da Segurança Pública
de São Paulo considera a
população flutuante da cidade para calcular a taxa
de homicídios.
Isso faz com que a proporção caia de 43,34 em
relação à população residente para 15,10 (população flutuante) por 100 mil
habitantes.
A cidade deverá receber
300 mil turistas para o
Carnaval, diz a prefeitura.
Para Mattos, a "liderança" da cidade em taxa de
homicídios é "totalmente
injusta". "Calculamos a
população em 110 mil habitantes [o IBGE estimou
em 94.598 em 2008], então o percentual não é bem
este", diz ele, que vê explosão na chegada de migrantes. "Caraguatatuba virou
a esquina do Brasil. Vem
gente de todo lugar pensando que vai ficar rico. Eu
nunca tinha visto um RG
do Acre."
A atração aumentou,
diz, desde que a Petrobras
iniciou ali, em 2007, obras
de uma unidade de processamento de gás.
Os muitos assassinatos,
porém, não são novidade.
Foram 62 em 2003; 26 em
2004; 43 em 2005; 61 em
2006; 27 em 2007.
O prefeito Antônio Carlos (PSDB) pediu ao Estado reforço "urgente" de
policiamento na cidade
devido à instalação ali, no
ano passado, de um Centro de Detenção Provisória. "Historicamente, isso
traz aumento [de violência]", diz ele.
Em breve, a cidade também recebe a Fundação
Casa (ex-Febem).
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