São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Polícia liga mortes em Caraguatatuba a tráfico de drogas

DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A CARAGUATATUBA

Os atendimentos na Funerária Caraguatatuba, colada a um pronto-socorro, dão boas pistas do perfil das vítimas de homicídios na cidade.
"Quando tem assassinato, em 80% das vezes o caixão é o "social" [modelo gratuito para quem alega baixa renda] e o morador é de Caraguá. Os turistas que morrem aqui são vítimas de afogamento", diz o gerente Eduardo Campos, 29, que também apresenta programa policial em rádio da cidade, com "90 minutos, 16 patrocinadores e muito assunto".
No município paulista campeão de homicídios por habitante em 2008 (em lista que exclui cidades com menos de 50 mil moradores), a Polícia Civil diz que nenhum dos 41 assassinados era turista.
"A maior parte das vítimas estava ligada ao tráfico de drogas, mesmo que como consumidora. Todos moravam aqui", diz Múcio Mattos, delegado seccional de São Sebastião, que cobre a cidade.
Os meses que registraram maior número de assassinatos estavam fora do auge da temporada: agosto (sete), setembro (seis) e novembro (sete). Em dezembro, houve um assassinato na cidade. Em 2009, dois casos até agora.
Ainda assim, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo considera a população flutuante da cidade para calcular a taxa de homicídios.
Isso faz com que a proporção caia de 43,34 em relação à população residente para 15,10 (população flutuante) por 100 mil habitantes.
A cidade deverá receber 300 mil turistas para o Carnaval, diz a prefeitura.
Para Mattos, a "liderança" da cidade em taxa de homicídios é "totalmente injusta". "Calculamos a população em 110 mil habitantes [o IBGE estimou em 94.598 em 2008], então o percentual não é bem este", diz ele, que vê explosão na chegada de migrantes. "Caraguatatuba virou a esquina do Brasil. Vem gente de todo lugar pensando que vai ficar rico. Eu nunca tinha visto um RG do Acre."
A atração aumentou, diz, desde que a Petrobras iniciou ali, em 2007, obras de uma unidade de processamento de gás.
Os muitos assassinatos, porém, não são novidade. Foram 62 em 2003; 26 em 2004; 43 em 2005; 61 em 2006; 27 em 2007.
O prefeito Antônio Carlos (PSDB) pediu ao Estado reforço "urgente" de policiamento na cidade devido à instalação ali, no ano passado, de um Centro de Detenção Provisória. "Historicamente, isso traz aumento [de violência]", diz ele.
Em breve, a cidade também recebe a Fundação Casa (ex-Febem).


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