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VIOLÊNCIA
Chacina é a maior ocorrida no Estado neste ano; dono de assistência técnica de celulares foi atingido por 16 tiros
Seis pessoas são mortas dentro de loja em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
DO AGORA SÃO PAULO
Seis pessoas morreram assassinadas dentro de uma loja de assistência técnica para celulares, em
São Paulo, na maior chacina do
ano registrada no Estado.
Os corpos foram encontrados
no segundo andar do sobrado onde o estabelecimento funcionava,
anteontem, por volta das 23h, na
rua Clélia, região muito movimentada na Lapa (zona noroeste
de São Paulo).
As vítimas, no entanto, estavam
mortas desde a tarde, de acordo
com a polícia. Vizinhos disseram
ter ouvido barulho parecido com
tiros às 16h, mas que não perceberam o que estava acontecendo.
O dono da assistência Lod Cell,
Aires Roberto Soares de Carvalho, 22, foi atingido de perto, principalmente nas costas, pelo menos 16 vezes. A arma usada, segundo a polícia, é uma pistola calibre 9 milímetros, de uso restrito
das Forças Armadas.
O irmão do comerciante, Alexandre Soares de Carvalho, 27,
soldado da Polícia Militar, e sua
mulher, Rosana Aparecida Silva,
24, também morreram. Além deles, a polícia encontrou mais três
funcionários da loja mortos: Reinaldo de Oliveira Rocha, 28, Carlos Eduardo Fernandes, 22, e Luiz
Augusto Borba Barão, 15. Todos
levaram um tiro na cabeça.
A polícia investigava ontem
duas hipóteses para a chacina, a
oitava do ano no Estado. Desde
janeiro, 30 pessoas morreram.
O crime pode ter sido provocado por uma desavença entre uma
quadrilha especializada em clonar
celulares e o dono da Lod Cell.
""As primeiras informações apontam para isso. A loja tinha vários
aparelhos modernos, que poderiam ser usados para clonagem",
disse o delegado que esteve no local, Laerte Marzagão Júnior, do
DHPP (Departamento de Homicídio e de Proteção à Pessoa).
A outra é uma possível ligação
entre o irmão do comerciante
com o desvio de armas de um
quartel da PM, na capital, descoberto no início do mês passado.
O soldado trabalhava no 12º Batalhão, uma das unidades sob investigação da Corregedoria por
causa do sumiço de 21 pistolas,
cinco revólveres e quatro metralhadoras. O principal suspeito de
organizar o esquema fugiu.
Um dos cunhados do comerciante, o autônomo Vanderlei
Eustáquio Fernandes, 34, discorda das hipóteses da polícia. ""Não
sei se Carvalho estava metido com
clonagem de celulares. Pelo que
consta, ele não tinha problema
com ninguém."
Um amigo do comerciante, que
não se identificou, disse ter encontrado a porta da loja encostada, apesar do horário (23h), e resolveu entrar. No segundo andar,
nos fundos, estavam os corpos.
Toda a família estava preocupada com o sumiço de Carvalho, seu
irmão e sua cunhada. O PM, que
estava de licença médica, saiu de
casa pela manhã, avisando que
iria ao médico e que depois pegaria a filha de 2 anos na escola. Ele
não apareceu.
A polícia não sabia informar
ontem quantos eram os assassinos. Mesmo os vizinhos, disseram
não ter percebido nada de estranho na loja, a não ser o fato de ela
ter ficado fechada à tarde. ""Muitas
pessoas vieram perguntar por que
a loja estava fechada, mas não dava para imaginar o que tinha
acontecido", disse uma vizinha,
que não quer ser identificada.
Os autores do crime podem ter
usado silenciadores nas pistolas
para abafar o som dos tiros. Além
disso, a rua tem intenso movimento de veículos.
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