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Experiência anterior foi fracassada
DA REPORTAGEM LOCAL
A experiência na unidade 19 do
complexo Tatuapé não foi a primeira tentativa de participação
externa no acompanhamento psicológico de internos da Febem. Só
que, em ocasiões anteriores, a experiência fracassou devido à resistência de funcionários. Voluntários chegaram a testemunhar espancamentos de internos.
Depois da rebelião ocorrida no
complexo Imigrantes, em outubro de 1999, a Faculdade de Psicologia da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo assinou um convênio que mantinha
estagiários na Febem.
A principal tarefa dos estudantes era a criação de um programa
de intervenção que auxiliasse os
adolescentes a refletir sobre a prática de crimes, um dos pontos
abordados hoje no trabalho do
professor do Mackenzie Carlos
Roberto do Prado.
O projeto iria durar, inicialmente, nove meses, mas foi interrompido pela PUC na metade do prazo, depois que estudantes flagraram agressões a internos.
Segundo relatório da direção da
faculdade, a permanência dos estudantes nas unidades seria uma
forma de compactuar com violações de direitos humanos. "Nossos alunos acompanharam situações de humilhação, de violência
e de descuido", disse o relatório.
Em um dos flagrantes, os estagiários viram um "corredor polonês" -no qual internos passam
em filas recebendo agressões-
feito por funcionários na chegada
do complexo de Franco da Rocha.
As unidades 30 e 31, as mais problemáticas, foram desativadas no
ano passado.
Outra universidade também cogitou oferecer serviço de psicologia em Franco da Rocha, mas desistiu por causa das rebeliões, denúncias de agressões e por temer
pela segurança dos alunos.
A experiência na unidade 19 do
complexo Tatuapé, ao contrário
do caso anterior, já mostra resultados positivos. Internos e funcionários ouvidos pela Folha admitiram resistência inicial em relação
ao trabalho, mas afirmam que a
relação entre eles melhorou.
"É preciso ser transparente, não
dá para deixar nada na gaveta. Se
omitir alguma coisa, o menino vai
falar", afirma o diretor da unidade, Roberto Tadeu Terriaga, 40,
sobre a relação entre a unidade e o
grupo de voluntários. "Existem
problemas e é preciso que eles [os
voluntários] participem disso, e
não só das coisas boas", disse Terriaga, que foi educador de rua.
Pelo menos nos últimos três
anos, segundo ele, não houve rebelião na unidade. A Promotoria
da Infância e Juventude abriu,
desde 2001, oito procedimentos
administrativos, principalmente
para investigar denúncias de
agressões. Um deles apura a morte, em um incêndio, de um garoto
que estava isolado.
"É um começo, mas a humanização deve ocorrer em toda a Febem, e não só em uma unidade.
Deve atingir a estrutura da instituição", disse a promotora da Infância e Juventude Sueli Riviera.
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