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VIOLÊNCIA
Segundo especialistas, mudança de atitude e pequenos cuidados são fundamentais para evitar a ação de criminosos
Aprenda a reduzir o risco de ser vítima
RENATO ESSENFELDER
DA REPORTAGEM LOCAL
Se você costuma trafegar na faixa da esquerda da rua ou andar na
calçada do lado oposto ao meio-fio, cuidado. Você é uma vítima
preferencial dos criminosos.
"O comportamento da vítima
desencadeia a ação criminal", diz
o titular da 3ª delegacia da Divisão
de Crimes Contra o Patrimônio
de São Paulo, Walter Sérgio de
Abreu. Segundo ele, embora eliminar o crime seja uma utopia,
mudanças simples de hábitos podem diminuir em até 70% o risco
de sofrer violências.
O assunto é tão sério que há até
uma ciência a respeito, a vitimologia (leia texto abaixo). Não é,
contudo, uma ciência exata. As
dicas não eliminam completamente o risco de violência. "Mas,
se todos seguissem as orientações,
os índices [de crime" cairiam sensivelmente", afirma Abreu.
Em busca da vítima ideal
"O ladrão procura o mesmo que
nós: um negócio perfeito. E a vítima perfeita é aquela que carrega
mais de uma bolsa, fica olhando
para o infinito e não presta atenção no caminho, anda desacompanhada em local ermo. Geralmente é mulher ou então homem
mais velho", diz o delegado da divisão de crimes patrimoniais.
Segundo a polícia, a atitude de
andar atento, olhando para os lados, reduz em mais de 50% o risco
de roubo. No caso de furto, o risco
é quase zerado.
Para os crimes de sequestro, os
conselhos são outros. O importante é tomar muito cuidado ao
contratar um empregado, checar
referências, não dar informações
a estranhos e alternar caminhos
para chegar ao trabalho.
Novos cuidados
Alguns conselhos da polícia
(leia informações no quadro) já
são conhecidos da maioria da população. São orientações para que
as pessoas procurem andar em
grupo, tranquem as portas de casa e do carro, carreguem a bolsa
na frente do corpo ou a carteira
no bolso dianteiro da calça.
Outras recomendações são
pouco conhecidas ou respeitadas.
São as dicas para reforçar a porta
dos fundos da casa -alvo mais
frequente de arrombamentos-,
parar nas faixas da direita da rua
quando o sinal estiver vermelho,
caminhar próximo ao meio-fio
para evitar que assaltantes encurralem você contra a parede.
Excessos
Algumas medidas adotadas pelos mais cautelosos são menosprezadas pela polícia. Segundo a
Secretaria da Segurança Pública
de São Paulo, não existe necessidade de andar com apenas uma
folha de cheque ou deixar de receber o extrato do banco em casa,
por exemplo, com medo de que
quadrilhas saibam quanto dinheiro você tem em conta.
Os cheques, diz a polícia, podem ser sustados em caso de roubo. A hipótese de que alguém roube o carteiro em busca de extratos
bancários é tão remota que o cuidado é tido como excessivo.
Eterna vigilância
Embora, na avaliação da polícia,
as recomendações de segurança
não sejam seguidas pela maioria
das pessoas, algumas as levam
muito a sério. É o caso de uma psicóloga, que não quis se identificar,
ouvida pela Folha.
Ela muda de caminho todos os
dias para levar a filha de três anos
para a escola, tem medo de parar
em blitze da polícia (acha que podem ser assaltantes disfarçados),
não usa jóias, não tem mais cartão
de banco com medo de sequestros relâmpago e só deixa o
carro em estacionamentos cobertos, nunca na rua.
Ela começou a tomar as precauções no começo do ano, com medo da onda de assaltos na própria
vizinhança. Entre os amigos, medo e violência são temas constantes. "Mas sei que são cuidados paliativos. Não é me protegendo que
a violência diminui", diz.
Já um importador e exportador
de carnes -que também não
quis se identificar- reconhece a
importância das dicas, mas disse
não seguir a maioria delas.
Ainda assim, ele não anda mais
à noite, evita ruas que considera
perigosas, não usa mais relógio,
sua mulher não carrega jóias, tem
botão de pânico no Audi A3 blindado e alarmes e câmeras no condomínio em que mora. "Gostaria
ainda de ter um segurança 24 horas por dia comigo", completa.
Ele mandou blindar o carro depois de ter os amigos assaltados,
um cliente sequestrado e a mulher
vítima de uma tentativa de roubo.
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