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Universidades privadas vão formar controladores de vôo
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Três universidades privadas
já estão com tudo pronto para
lançar seus cursos de formação
de controladores de vôo e gestão do tráfego aéreo. Tuiuti do
Paraná, Anhembi Morumbi, de
São Paulo, e Estácio de Sá, do
Rio, esperam apenas o ok da Infraero para iniciar o processo
de seleção dos candidatos.
Por ok, entenda-se: reconhecimento dos cursos, compromisso de realizar concursos públicos para ingresso na função e
plano de carreira, incluindo as
remunerações previstas em cada estágio.
A idéia dos novos cursos começou a ser formulada em outubro do ano passado, em uma
reunião no Ministério da Defesa, logo depois do início da crise
dos controladores de vôo, na
seqüência do acidente com o
avião da Gol, em setembro.
Em número de 3.000 em todo o país, os próprios profissionais do tráfego aéreo vêm protestando contra a sobrecarga
de trabalho a que se sentem
submetidos -como prova, dizem que cada operador tem tido de acompanhar simultaneamente até 28 aviões, quando o
número recomendado internacionalmente é de apenas 14
aviões por operador.
Atualmente, apenas duas escolas cuidam da formação dos
controladores de vôo, uma em
São José dos Campos e outra
em Guaratinguetá, ambas no
Estado de São Paulo e subordinadas à Aeronáutica.
Depois da deflagração da crise dos controladores, as duas
escolas duplicaram o número
de alunos, passando de 140 ingressantes anuais para 280.
Mas ainda não se conseguiu resolver o problema.
Nesta semana, em pleno motim dos controladores, o tenente-brigadeiro da reserva José
Carlos Pereira, presidente da
Infraero, anunciou os novos
cursos, embora sem discriminar quais seriam as instituições
responsáveis.
Concurso público
Segundo Djalma Farias, diretor da Faculdade de Ciências
Aeronáuticas da Universidade
Tuiuti do Paraná e presidente
da Escola Paranaense de Aviação (EPA), as três instituições
de ensino superior juntas poderiam, de imediato, mais do
que duplicar a oferta de vagas
atual, abrindo cem novas vagas
cada uma. Os cursos teriam a
duração de dois anos.
"Nosso propósito é desonerar o Estado da função de formação. A idéia é que o aluno interessado em seguir a carreira
de controlador banque seus estudos, da mesma forma que
acontece com o aluno interessado em seguir a carreira de
medicina ou administração,
por exemplo", diz Farias.
Com o aumento da oferta de
mão-de-obra, aumentaria o
número de candidatos ao concurso. "Como acontece em outras áreas da administração federal, a Infraero poderia selecionar apenas os melhores entre os melhores alunos, com
evidentes ganhos de eficiência
para o serviço."
A formatação dos cursos seguirá instruções da Icao, Organização Internacional da Aviação Civil, na sigla em inglês, órgão que dita os padrões da aviação civil na maioria dos países e
que tem o Brasil entre os seus
associados.
As universidades que pretendem lançar os novos cursos
têm experiência em assuntos
aeronáuticos. Mantêm, por
exemplo, graduações em gestão de aviação civil, manutenção de aeronaves e pilotagem.
A Universidade Tuiuti construiu a infra-estrutura de seus
cursos da área de ciências aeronáuticas dentro das instalações
do aeroporto de Bacacheri, de
Curitiba, onde também fica a
sede do Cindacta-2. "Poderemos, a partir de convênios firmados com a Aeronáutica, propor aos alunos estágios dentro
do próprio Cindacta-2", diz.
Os candidatos a freqüentar
esses novos bancos escolares
terão de passar por exames de
ingresso específicos, que incluem teste de saúde para checagem da capacidade física, inglês, boa comunicação, psicotécnico -exames parecidos
com os que são aplicados a candidatos a piloto da aviação civil.
Os egressos dos novos cursos
não devem invadir áreas de
atuação exclusivas dos controladores de vôo militares, atualmente formados em Guaratinguetá. Segundo Farias, os militares seguiriam com a incumbência da defesa aérea e atividades correlatas, como a interceptação de aeronaves, que não
competem à aviação civil.
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