São Paulo, domingo, 08 de abril de 2007

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Universidades privadas vão formar controladores de vôo

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Três universidades privadas já estão com tudo pronto para lançar seus cursos de formação de controladores de vôo e gestão do tráfego aéreo. Tuiuti do Paraná, Anhembi Morumbi, de São Paulo, e Estácio de Sá, do Rio, esperam apenas o ok da Infraero para iniciar o processo de seleção dos candidatos.
Por ok, entenda-se: reconhecimento dos cursos, compromisso de realizar concursos públicos para ingresso na função e plano de carreira, incluindo as remunerações previstas em cada estágio.
A idéia dos novos cursos começou a ser formulada em outubro do ano passado, em uma reunião no Ministério da Defesa, logo depois do início da crise dos controladores de vôo, na seqüência do acidente com o avião da Gol, em setembro.
Em número de 3.000 em todo o país, os próprios profissionais do tráfego aéreo vêm protestando contra a sobrecarga de trabalho a que se sentem submetidos -como prova, dizem que cada operador tem tido de acompanhar simultaneamente até 28 aviões, quando o número recomendado internacionalmente é de apenas 14 aviões por operador.
Atualmente, apenas duas escolas cuidam da formação dos controladores de vôo, uma em São José dos Campos e outra em Guaratinguetá, ambas no Estado de São Paulo e subordinadas à Aeronáutica.
Depois da deflagração da crise dos controladores, as duas escolas duplicaram o número de alunos, passando de 140 ingressantes anuais para 280. Mas ainda não se conseguiu resolver o problema.
Nesta semana, em pleno motim dos controladores, o tenente-brigadeiro da reserva José Carlos Pereira, presidente da Infraero, anunciou os novos cursos, embora sem discriminar quais seriam as instituições responsáveis.
Concurso público
Segundo Djalma Farias, diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná e presidente da Escola Paranaense de Aviação (EPA), as três instituições de ensino superior juntas poderiam, de imediato, mais do que duplicar a oferta de vagas atual, abrindo cem novas vagas cada uma. Os cursos teriam a duração de dois anos.
"Nosso propósito é desonerar o Estado da função de formação. A idéia é que o aluno interessado em seguir a carreira de controlador banque seus estudos, da mesma forma que acontece com o aluno interessado em seguir a carreira de medicina ou administração, por exemplo", diz Farias.
Com o aumento da oferta de mão-de-obra, aumentaria o número de candidatos ao concurso. "Como acontece em outras áreas da administração federal, a Infraero poderia selecionar apenas os melhores entre os melhores alunos, com evidentes ganhos de eficiência para o serviço."
A formatação dos cursos seguirá instruções da Icao, Organização Internacional da Aviação Civil, na sigla em inglês, órgão que dita os padrões da aviação civil na maioria dos países e que tem o Brasil entre os seus associados.
As universidades que pretendem lançar os novos cursos têm experiência em assuntos aeronáuticos. Mantêm, por exemplo, graduações em gestão de aviação civil, manutenção de aeronaves e pilotagem.
A Universidade Tuiuti construiu a infra-estrutura de seus cursos da área de ciências aeronáuticas dentro das instalações do aeroporto de Bacacheri, de Curitiba, onde também fica a sede do Cindacta-2. "Poderemos, a partir de convênios firmados com a Aeronáutica, propor aos alunos estágios dentro do próprio Cindacta-2", diz.
Os candidatos a freqüentar esses novos bancos escolares terão de passar por exames de ingresso específicos, que incluem teste de saúde para checagem da capacidade física, inglês, boa comunicação, psicotécnico -exames parecidos com os que são aplicados a candidatos a piloto da aviação civil.
Os egressos dos novos cursos não devem invadir áreas de atuação exclusivas dos controladores de vôo militares, atualmente formados em Guaratinguetá. Segundo Farias, os militares seguiriam com a incumbência da defesa aérea e atividades correlatas, como a interceptação de aeronaves, que não competem à aviação civil.


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