MAURÍCIO EIRÓS
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O mestre do pesqueiro Sheknah, Jocílio da Costa, 28, que nadou por 16 horas para se salvar do naufrágio em Cananéia (litoral sul de São Paulo), disse que morreria se não nadasse. "Era tudo ou nada."
O acidente aconteceu por volta da 0h de quarta-feira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o motivo do acidente foi a agitação do mar, com fortes ondas, de até quatro metros, provocadas pela presença de uma frente fria.
As causas do acidente eram desconhecidas. Segundo o tenente do Corpo de Bombeiros Alexandre Doll, não estava descartada a possibilidade de ser reflexo da passagem de um ciclone extratropical.
Por volta das 15h de ontem, o Corpo de Bombeiros resgatou, com vida, 1 dos 4 pescadores desaparecidos desde quarta. Nivaldo Júnior dos Reis, 28, estava a cerca de 40 km ao norte do local do acidente. Foi levado ao pronto-socorro de Ilha Comprida com hipotermia (queda da temperatura do corpo) e em estado de choque.
Costa também chegou ao pronto-socorro com hipotermia, inchaço nos olhos e ferimentos nos pés e mãos. Ao receber alta, ontem de manhã, voltou ao mar para participar da busca aos companheiros desaparecidos e concedeu entrevista à Agência Folha.
 

Agência Folha - O que você pensou quando estava nadando?
Jocílio da Costa - Que era tudo ou nada. Se eu não nadasse, eu morria. Só via água. Quando a onda me levantava, via um morro. Então nadei na direção da terra.

Agência Folha - O que vocês fizeram depois do acidente?
Costa - Nós arrumamos umas bóias e amarramos uns galões que estavam no barco. Deixei meus companheiros lá para buscar ajuda e avisar alguém.

Agência Folha - Havia feridos?
Costa - Nenhum deles estava ferido, eles não se machucaram quando saíram do barco. Não tinham um arranhão. São todos jovens, agüentam um pouco mais, e acredito que uma busca boa pode ajudar a trazê-los para a terra.


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