São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

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ENSINO SUPERIOR

Alunos da rede pública também terão esse percentual de vagas na universidade, a partir do próximo vestibular

No PR, negro terá 20% das vagas da federal

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O Conselho Universitário da UFPR (Universidade Federal do Paraná) aprovou a reserva de 20% de vagas para negros e de 20% para alunos oriundos da escola pública no próximo vestibular, que vai selecionar para 2005.
A definição de cotas para as chamadas "políticas afirmativas" já tinha sido aprovada em reuniões anteriores. Ontem, o conselho apenas definiu os percentuais.
"Quem entrar na universidade [pelo sistema de cotas] entrará pela porta da frente, sem moleza ou benesse", disse o reitor Carlos Augusto Moreira Jr. Os alunos que disputarem essas vagas terão de passar por uma prova eliminatória, de conhecimentos gerais, aplicada a todos os concorrentes.
Ele explicou que a prova eliminatória aborda o conteúdo do ensino médio de maneira geral. Nos últimos vestibulares, sobreviveram a esse "corte" apenas 15 mil dos cerca de 46.500 que disputaram as 4.160 vagas ofertadas.
Moreira Jr. disse que em alguns cursos, como de medicina, as cotas não serão totalmente preenchidas, dado esse "corte". Ainda assim, um aluno autodeclarado afrodescendente aumentará em seis vezes a chance de fazer o curso em relação à disputa anterior.
O Paraná tem 22% da população autodeclarada negra no Censo de 2000 -2,7% dos 19.542 alunos da UFPR. Os negros aprovados no último vestibular representam 1,7% do total -afrodescendentes inscritos eram 2,7%.
Realizado em dezembro de 2003, o vestibular foi disputado por 35% de alunos que sempre estudaram em escola pública, e 26%, na escola privada. Dos aprovados, 21% são oriundos da escola pública, e 40%, da privada.
Entre os calouros, 15% têm renda familiar superior a R$ 5.000. Outros 19% são de famílias que ganham mais de R$ 1.000.
Em todo o Brasil, apenas duas universidades federais já adotaram o sistema de cotas para negros neste ano: a UnB (Universidade Federal de Brasília) e a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), segundo o MEC (Ministério da Educação).
A medida também já é seguida em duas estaduais: a Uneb (Universidade da Bahia) e a UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).
Em Salvador, cerca de 50 estudantes secundaristas fizeram um ato público na manhã de ontem, nas escadarias do prédio da Reitoria da UFBa (Universidade Federal da Bahia), pela aprovação do Programa de Ações Afirmativas.


Colaborou ADRIANA CHAVES, da Agência Folha


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