São Paulo, sexta, 8 de maio de 1998

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Doentes mentais não são tratados

da Reportagem Local

Os presos com doenças mentais das delegacias paulistanas não recebem tratamento psiquiátrico.
Esse pode ser o caso do cobrador Francisco Machado, 49, que afirma sofrer claustrofobia e que os policiais do 7º Distrito Policial dizem ter convulsões semelhantes às provocadas pela epilepsia.
"Tenho pavor, medo, não consigo ficar num lugar fechado", disse. Condenado a quatro anos de prisão por tráfico de drogas, Machado está preso há seis meses, mas seu nome não está na lista oficial de doentes.
A relação de 22 doentes mentais obtida pela Justiça não especifica qual a moléstia da maioria dos detentos -a única exceção são dois casos de epilepsia.
"Os presos que têm dinheiro conseguem médico e tratamento, quem não tem fica sem nenhuma cobertura", afirma o psiquiatra Rubens de Campos Filho, diretor do centro Karl Kleist.
De acordo com Campos Filho, em alguns casos, o doente mental não tem como se defender dos outros presos. Em outros, ele pode ser uma ameaça aos demais detentos e a si mesmo.
"Um desses presos doentes pode entrar num estado crepuscular episódico, no qual ele pode matar alguém sem guardar recordações desse ato", diz o psiquiatra.
Para ele, esses doentes precisam de medicação. "Tem de ter remédio, pois se a voz na cabeça dele falar 'mata fulano', ele matará." De acordo com o psiquiatra, os dois casos de epilepsia encontrados pela Justiça também poderiam, em tese, ser tratados. (MG)


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