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Doentes mentais não são tratados
da Reportagem Local
Os presos com doenças mentais
das delegacias paulistanas não recebem tratamento psiquiátrico.
Esse pode ser o caso do cobrador
Francisco Machado, 49, que afirma sofrer claustrofobia e que os
policiais do 7º Distrito Policial dizem ter convulsões semelhantes às
provocadas pela epilepsia.
"Tenho pavor, medo, não consigo ficar num lugar fechado",
disse. Condenado a quatro anos de
prisão por tráfico de drogas, Machado está preso há seis meses,
mas seu nome não está na lista oficial de doentes.
A relação de 22 doentes mentais
obtida pela Justiça não especifica
qual a moléstia da maioria dos detentos -a única exceção são dois
casos de epilepsia.
"Os presos que têm dinheiro
conseguem médico e tratamento,
quem não tem fica sem nenhuma
cobertura", afirma o psiquiatra
Rubens de Campos Filho, diretor
do centro Karl Kleist.
De acordo com Campos Filho,
em alguns casos, o doente mental
não tem como se defender dos outros presos. Em outros, ele pode
ser uma ameaça aos demais detentos e a si mesmo.
"Um desses presos doentes pode entrar num estado crepuscular
episódico, no qual ele pode matar
alguém sem guardar recordações
desse ato", diz o psiquiatra.
Para ele, esses doentes precisam
de medicação. "Tem de ter remédio, pois se a voz na cabeça dele
falar 'mata fulano', ele matará."
De acordo com o psiquiatra, os
dois casos de epilepsia encontrados pela Justiça também poderiam, em tese, ser tratados.
(MG)
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