São Paulo, sexta, 8 de maio de 1998

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RISCO NAS DELEGACIAS 2
Juiz lhes dá pela 1ª vez a preferência de sair dos DPs para as penitenciárias, que são mais seguras
Presos doentes ganham lugar dos perigosos

da Reportagem Local

A situação de saúde dos Distritos Policiais é tão grave que, pela primeira vez, o juiz-corregedor Maurício Lemos Porto Alves decidiu dar preferência aos presos doentes, em vez dos que têm altas condenações, na lista de transferência de detentos das delegacias para as penitenciárias paulistas.
Explica-se: nas penitenciárias existem, ao menos, enfermarias. Nos DPs, os presos são atendidos só nos momentos de crise de suas doenças -diante da primeira melhora, dois ou três dias depois, retornam às celas onde cabem cinco, mas vivem até 35 detentos.
Com a decisão do juiz, cem vagas extras conseguidas nas penitenciárias para presos de delegacias serão ocupadas pelos doentes.
A primeira leva terá 50 presos e sairá neste mês. Essas vagas são o último lote das 400 obtidas em fevereiro na Secretaria da Administração Penitenciária. O objetivo era desafogar as delegacias.

Ajuda
Enquanto a transferência dos doentes não começa, o delegado Douglas Aparecido Randmer da Silveira, titular do 7º DP, recebe ajuda de comerciante da Lapa (zona noroeste) para comprar alguns remédios que os presos precisam.
"A gente se vira atrás de médico e remédio, mas não conseguimos combater a Aids, só as infecções oportunistas causadas pela doença", diz Silveira.
Nas delegacias, existem também casos de carcereiros que apanharam doenças, como sarna, micoses e conjuntivite dos presos.
O levantamento dos doentes foi concluído pela Justiça e pela Polícia Civil há 25 dias. Desde então, um dos presos da lista com HIV positivo morreu, outro fugiu e uma mulher anêmica com pneumonia, bronquite e grávida foi solta por ordem judicial.
(MARCELO GODOY)


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