TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um preso morreu de infarto ontem durante uma rebelião, que durou 12 horas, após uma fuga na 105ª DP (Delegacia de Polícia), em Petrópolis (65 km do Rio). A delegacia estava superlotada. Os 119 presos estavam distribuídos em 11 celas com capacidade para abrigar, cada uma, seis presos.
Dos 119 presos, 34 fugiram. Alguns pela porta da frente, outros pela janela lateral da delegacia. Até o final da tarde de ontem, 12 presos haviam sido recapturados. Durante o motim, o carcereiro foi mantido refém.
A rebelião em Petrópolis foi a quarta do Estado do Rio em menos de dez dias.
Por volta das 21h de anteontem, os presos chamaram o carcereiro Armando Rodrigues com a desculpa de que um detento estaria passando mal. O carcereiro foi rendido com uma pistola falsa, fabricada pelos presos com caixas de fósforos. Ele foi obrigado a dar seu revólver aos rebelados.
Alguns detentos conseguiram fugir pela porta da frente da delegacia, passando por dois policiais que estavam na sala de informações. Ainda havia outros dois no andar de cima, segundo a polícia.
A negociação com os presos durou toda a madrugada. O preso Odácio Furtado, 70, detido por acusação de atentado violento ao pudor, sofreu um infarto.
O corpo de Furtado só foi retirado depois de a rebelião ter chegado ao fim, às 9h de ontem.
O delegado instaurou inquérito e abriu sindicância interna para apurar se houve facilitação de policiais da 105ª DP na fuga.
Durante o motim, o pastor evangélico Alexandre Vieira dos Santos foi chamado à delegacia.

Magé
A detenta Aline Maria Cesario, 30, morreu um dia antes de seu advogado entrar com recurso na Justiça estadual pedindo sua absolvição. Ela foi, até agora, a única vítima fatal da rebelião ocorrida na Casa de Custódia de Magé (cidade a 60 km do Rio), anteontem. Foi morta com um tiro no peito.
A Polícia Militar, que invadiu o presídio para pôr fim à rebelião, diz que só usou balas cobertas de borracha e que o tiro teria partido de outras detentas. O caso está sendo investigado.


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