|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
1 mês antes da cratera, já havia sinais de instabilidade
Mesmo assim, obras do metrô, que haviam sido interrompidas do Natal ao Ano Novo, foram aceleradas nos 9 dias anteriores à tragédia que matou sete
Segundo o IPT, funcionários foram tirados do túnel logo após as 14h; até as 14h53, hora do desmoronamento, vizinhos não foram avisados
DA REPORTAGEM LOCAL
Praticamente um mês antes
do acidente que deixou sete
mortos na estação Pinheiros da
linha 4 do metrô, já havia indicações de instabilidade na obra.
Os alertas e diversos indícios
de que algo estava errado se
agravaram até a hora da tragédia, sem que as medidas corretivas tivessem sido adotadas
pelas construtoras, de acordo
com a investigação do IPT.
Pelo contrário: apesar do
"deslocamento contínuo e sistemático do túnel", indicando
haver "um padrão anormal" a
partir de 14 de dezembro de
2006 (na gestão Cláudio Lembo, do DEM), logo nos primeiros dias de janeiro (já no governo José Serra, do PSDB) houve
inclusive uma aceleração da escavação que havia sido interrompida do Natal ao Ano Novo.
A escavação em janeiro avançou numa velocidade 70%
maior que a de dezembro. Nessa etapa, houve aumento da
profundidade da escavação,
30% além do previsto, numa
área com rocha de baixa qualidade, tornando mais instáveis
as cambotas (arcos de sustentação) do túnel.
Os problemas no rebaixamento do terreno detectados
por instrumentos levaram as
equipes do consórcio a se reunir na véspera do acidente.
Ficou acertada a necessidade
de instalar tirantes (grandes pinos de aço) para a sustentação
do túnel. Esse reforço não só
deixou de ser feito até a hora do
acidente como, horas antes da
abertura da cratera, as construtoras ainda realizaram detonação de explosivos, cujas vibrações agravaram a situação.
O resumo do relatório do IPT
reforça a necessidade de gerenciamento de risco e a falta de
um plano de emergência não só
para os empregados da obra como para a área do entorno.
Ele diz que "logo após as 14h"
do dia 12 de janeiro os trabalhadores notaram trincas nas paredes do túnel, levando à remoção dos funcionários -mas
sem acionar nenhum sistema
de evacuação das redondezas.
A abertura da cratera ocorreu somente às 14h53. O consórcio, nos últimos meses, alegava que a vizinhança não havia sido alertada porque tudo ocorreu "em menos de dez minutos". Ele informou ontem que
só se manifestará após analisar
todos os dados do laudo.
(ALENCAR IZIDORO E RICARDO SANGIOVANNI)
Texto Anterior: IPT aponta baixa qualidade na obra do metrô Próximo Texto: Soldado morre em MS após ser arrastado por picape Índice
|