São Paulo, domingo, 08 de junho de 2008

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1 mês antes da cratera, já havia sinais de instabilidade

Mesmo assim, obras do metrô, que haviam sido interrompidas do Natal ao Ano Novo, foram aceleradas nos 9 dias anteriores à tragédia que matou sete

Segundo o IPT, funcionários foram tirados do túnel logo após as 14h; até as 14h53, hora do desmoronamento, vizinhos não foram avisados

DA REPORTAGEM LOCAL

Praticamente um mês antes do acidente que deixou sete mortos na estação Pinheiros da linha 4 do metrô, já havia indicações de instabilidade na obra.
Os alertas e diversos indícios de que algo estava errado se agravaram até a hora da tragédia, sem que as medidas corretivas tivessem sido adotadas pelas construtoras, de acordo com a investigação do IPT.
Pelo contrário: apesar do "deslocamento contínuo e sistemático do túnel", indicando haver "um padrão anormal" a partir de 14 de dezembro de 2006 (na gestão Cláudio Lembo, do DEM), logo nos primeiros dias de janeiro (já no governo José Serra, do PSDB) houve inclusive uma aceleração da escavação que havia sido interrompida do Natal ao Ano Novo.
A escavação em janeiro avançou numa velocidade 70% maior que a de dezembro. Nessa etapa, houve aumento da profundidade da escavação, 30% além do previsto, numa área com rocha de baixa qualidade, tornando mais instáveis as cambotas (arcos de sustentação) do túnel.
Os problemas no rebaixamento do terreno detectados por instrumentos levaram as equipes do consórcio a se reunir na véspera do acidente.
Ficou acertada a necessidade de instalar tirantes (grandes pinos de aço) para a sustentação do túnel. Esse reforço não só deixou de ser feito até a hora do acidente como, horas antes da abertura da cratera, as construtoras ainda realizaram detonação de explosivos, cujas vibrações agravaram a situação.
O resumo do relatório do IPT reforça a necessidade de gerenciamento de risco e a falta de um plano de emergência não só para os empregados da obra como para a área do entorno.
Ele diz que "logo após as 14h" do dia 12 de janeiro os trabalhadores notaram trincas nas paredes do túnel, levando à remoção dos funcionários -mas sem acionar nenhum sistema de evacuação das redondezas.
A abertura da cratera ocorreu somente às 14h53. O consórcio, nos últimos meses, alegava que a vizinhança não havia sido alertada porque tudo ocorreu "em menos de dez minutos". Ele informou ontem que só se manifestará após analisar todos os dados do laudo. (ALENCAR IZIDORO E RICARDO SANGIOVANNI)


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