São Paulo, quarta, 8 de julho de 1998

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BEBÊ NA CALÇADA
Direção do hospital decide demitir a obstetra que recusou internar 2 gestantes
Sindicância conclui que médica errou

FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local

A sindicância instaurada pelo Hospital Regional Sul, em Santo Amaro (zona sul), concluiu ontem que a médica Maria Paula Ribas Caramuru cometeu falhas no atendimento prestado à dona de casa Alessandra Santos Pereira.
Por ter cometido vários erros, entre eles dispensado a gestante em "franco trabalho de parto" , a obstetra foi demitida por justa causa.
Na madrugada do último sábado, Alessandra, grávida de nove meses e 14 dias, chegou ao hospital com grande dilatação. A médica Maria Paula, depois de fazer o exame de toque, a dispensou, alegando que ainda não estava na hora do parto (leia texto nesta página).
Contrariada, Alessandra saiu do hospital. Cerca de 20 minutos depois, deu à luz na calçada. Ela e sua filha Kadja passam bem.
A sindicância foi instaurada na segunda-feira pelo hospital. A comissão ouviu quatro enfermeiras, uma recepcionista, o chefe de plantão (da madrugada de sábado) e uma berçarista que estavam no hospital, além de Maria Paula.
"Houve uma série de erros no procedimento da médica, e seu depoimento contradiz com o de alguns funcionários", diz o diretor do hospital, Nelson Maurício Nogueira Pesciotta.
A médica afirmou que a bolsa de Alessandra não havia estourado, mas uma das enfermeiras que limpou a mesa de exames afirma que havia líquido -um forte indicativo de bolsa estourada.
A médica também alegou no seu depoimento que encaminhou Alessandra para casa. Médicos e a própria Alessandra dizem que Maria Paula a aconselhou a ir a pé para outro hospital -a cerca de 250 metros de distância.
"Havia ambulâncias e leitos disponíveis no hospital. Não entendo porque a médica agiu dessa maneira", diz Pesciotta, que descarta a possibilidade de Alessandra ter "armado" o parto na calçada para chamar a atenção ou mesmo denegrir a imagem do hospital.
O inquérito policial, instaurado anteontem no 11º DP, só deve colher os primeiros depoimentos na semana que vem. A sindicância do CRM (Conselho Regional de Medicina) deve ser concluída em um prazo de 30 a 60 dias.



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