São Paulo, quarta, 8 de julho de 1998

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ESCÂNDALO NA POLÍCIA
Investigadores e PMs estão presos
Promotores vão denunciar 4 policiais de Santo André

da Reportagem Local

Os três promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, que estão investigando a existência uma gangue de policiais corruptos em Santo André, na Grande SP, vão oferecer denúncia contra quatro pessoas (dois PMs e dois investigadores).
Os policiais civis Gilberto Shigueiro Hissamuni e Humberto Félix da Silva e os soldados João Soma e Lindivaldo Soares vão ser denunciados, a princípio, sob as acusações de tráfico de entorpecentes e uso ilegal de armas.
Os quatro policiais -eles estão presos- já foram denunciados anteriormente sob as acusações de assalto, homicídio qualificado e formação de quadrilha.
Eles são acusados de assassinar Alexandre Nogueira, um ex-PM que também fazia parte da quadrilha, no dia 7 de março, após os cinco terem assaltado um hipermercado em Santo André. O grupo também é suspeito assassinar pelo menos outros quatro PMs.
O escândalo, que atingiu em cheio a Polícia Civil, está sendo encarado como o mais grave acontecimento da história recente da organização.
Na semana passada, o juiz Mauricio Lemos Porto Alves, corregedor da Polícia Judiciária, determinou o sequestro dos bens e a quebra de sigilo fiscal e bancário de cinco pessoas, entre elas Edmilson Brancalion, que era o segundo homem na hierarquia da Delegacia Seccional de Santo André.
De acordo com o Gaeco, Brancalion é suspeito de chefiar a quadrilha de policiais, que seria composta também por PMs. O delegado nega as acusações. As outras pessoas atingidas pela decisão judicial seriam testas-de-ferro de Brancalion e sua mulher, Rossana.
A principal testemunha do caso levou três tiros nas costas, diz que está sendo ameaçada e agora está sob proteção do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Segundo ela, Brancalion seria o chefe da gangue.
Para o delegado, as denúncias não passam de vingança de traficantes que ele prendeu. Brancalion afirma ainda que todos os seus bens são compatíveis com seus rendimentos. O sequestro dos bens do delegado foi baseado na recém-criada lei de lavagem de dinheiro. (CRISPIM ALVES)



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