São Paulo, terça-feira, 08 de agosto de 2000


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Em Pernambuco, prefeito consegue "matar" 20

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A Prefeitura de Catende (PE) relatou a morte de 20 pessoas e o desaparecimento de outras 51 na cidade para justificar, no dia 1º de agosto, a decretação do estado de calamidade pública no município em razão das chuvas, o que permitiria à administração municipal contratar obras e serviços sem licitação (leia texto ao lado).
Dois dias depois, o prefeito Otacílio Alves Cordeiro (PFL) foi obrigado a corrigir o decreto porque a Defesa Civil constatou que ninguém havia morrido ou desaparecido em Catende.
O número de vítimas fatais citadas no documento, que não foi confirmado pelo único hospital da cidade e nem pela Polícia Civil local, era maior que o total de mortos registrado até então na área do Estado atingida pela chuva recorde dos últimos 40 anos.
O prefeito reconheceu a falha e afirmou inicialmente que não havia checado os dados. Depois, alegou que ocorrera um erro de digitação. O estado de calamidade foi mantido porque a cidade foi, de fato, muito atingida pelas chuvas.
Casas, ruas e pontes foram destruídas. Segundo a Defesa Civil, há cerca de 5.000 desabrigados no município. Em todo o Estado havia ontem 21 cidades em estado de calamidade, nove em emergência e 59 mil desabrigados. Em Pernambuco, morreram 23 pessoas.
O custo estimado para a recuperação dos estragos é de R$ 128,5 milhões. Desse total, R$ 45 milhões (35,1%) seriam necessários só para a recuperação da infra-estrutura urbana nos municípios.
Os senadores pernambucanos vão reivindicar ao governo federal que inclua o valor na medida provisória prometida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que tratará da liberação dos recursos para Alagoas e Pernambuco.
Ontem, prefeitos das cidades pernambucanas afetadas participaram de reunião com representantes do governo estadual, em Recife. Receberam um formulário para o levantamento e avaliação dos problemas que enfrentam.
Segundo levantamento preliminar divulgado no encontro, 5.000 casas, 275 escolas estaduais e 500 quilômetros de estradas administradas pelo governo teriam sido danificados pelas enchentes.
As informações dos prefeitos servirão de base para o relatório que o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) deve entregar esta semana ao presidente Fernando Henrique Cardoso. A partir desses dados devem ser estabelecidos os valores a serem liberados pela União para a recuperação dos municípios pernambucanos.



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