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Planalto adota cautela para dar recursos
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal decidiu adotar prudência para a liberação de
recursos para as áreas atingidas
pelas enchentes no Nordeste. A
medida provisória de repasse de
verbas só deve ser assinada pelo
presidente Fernando Henrique
Cardoso na quarta-feira, e ainda
não há previsão dos valores que
serão repassados.
"Decidimos ser prudentes",
afirmou ontem o secretário de
Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional, Pedro Sanguinetti. E justificou a demora para a
liberação de verbas usando quatro argumentos.
São ele:
1) não é possível quantificar ainda os prejuízos, pois vários municípios ainda estão isolados;
2) o governo federal não pretende ser novamente criticado por liberar apenas uma quantia simbólica inicialmente;
3) há riscos de uso político dos
recursos em ano eleitoral, como
foram identificados em pelo menos dois casos;
4) as vítimas das chuvas estão
recebendo cestas de alimentos,
roupas, cobertores e remédios,
tanto adquiridos pelo governo federal quanto doações, o que retira
o caráter de urgência para o atendimento a essas pessoas.
Os comitês de Defesa Civil dos
Estados estão ainda trabalhando
no levantamento dos prejuízos,
em conjunto com os municípios.
Ontem, de acordo com a Secretaria de Defesa Civil, o governo de
Pernambuco estimou em R$ 128
milhões e o de Alagoas em outros
R$ 100 milhões os prejuízos. De
qualquer forma, Sanguinetti disse
que o governo federal fará uma
reavaliação para checar os dados.
O administração de FHC não
quer ser novamente objeto de críticas, como as ocorridas no início
do ano, quando o governo liberou
apenas R$ 5 milhões de imediato
para as vítimas das chuvas em Minas e São Paulo, embora tenha repassado R$ 54 milhões ao todo.
Também quer evitar casos como os ocorridos agora, quando
um candidato a vereador de Serinhanhem (PE) foi flagrado distribuindo cestas aos flagelados.
Também houve o caso da cidade
de Catende, onde a prefeitura "inventou"
22 mortos.
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