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SAÚDE
Consumidor terá telefone para denunciar abusos; ministro ameaça punir empresa que desrespeitar o congelamento
Procon-SP vai controlar preços de remédios
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Saúde, José Serra,
fechou ontem um convênio com
o Procon de São Paulo para controle dos preços dos medicamentos no Estado. As operações devem começar ainda esta semana e
há planos de que se estendam a
outros Estados.
O objetivo é evitar o descumprimento do protocolo de intenções
assinado no mês passado entre
governo e entidades que representam a indústria farmacêutica.
O acordo determina o congelamento dos preços praticados em
junho até 31 de dezembro.
A fiscalização em São Paulo será
feita com base em denúncias de
consumidores, no levantamento
mensal feito pela ANVS (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária)
e pela Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas) e, se necessário, em informações exigidas
aos próprios laboratórios.
Segundo a diretora-executiva
do Procon-SP, Maria Inês Fornazaro, serão verificadas as condições de compra oferecidas ao
consumidor. O controle levará
em conta o preço efetivamente
cobrado, incluindo descontos e
promoções, e não o valor sugerido nas tabelas de referência.
"O consumidor vai dizer, por
exemplo, se tiraram seu desconto,
se ele pagava com cartão de crédito e não pode mais, se há diferença no preço para pagamento em
cartão ou à vista", disse.
As denúncias serão feitas por
um telefone 0-800 ainda não definido pelo Procon.
Cada reclamação será verificada
por técnicos do órgão, que poderão enquadrar infratores por aumento abusivo, de acordo com o
Código de Defesa do Consumidor. A multa aplicável nesses casos varia de R$ 200 a R$ 3 milhões.
Aumento abusivo é aquele que é
injustificável, ou seja, para o qual
a empresa (farmácia ou indústria
farmacêutica) não apresenta motivos convincentes, como aumento no preço de insumos.
Na prática, no entanto, é muito
difícil comprovar a necessidade
de um aumento. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica) nunca condenou um
laboratório a pagar multa por esse
motivo. Atualmente, existem 56
processos instaurados na SDE
(Secretaria de Direito Econômico) contra abusos nos preços dos
remédios. Nenhum deles foi concluído e encaminhado ao Cade.
Mesmo assim, o ministro da
Saúde se mostrou otimista. "Estou convencido de que o convênio vai ajudar muito os consumidores de remédios em São Paulo",
afirmou Serra.
Quanto a possíveis sanções jurídicas para os laboratórios que não
estão participando do acordo ou
o descumprirem, o ministro disse
que primeiro precisará fazer um
balanço de eventuais irregularidades. "Sem dúvida vamos atuar
em cada caso, e quem for inescrupuloso vai pagar por isso."
Segundo Serra, o governo vai ficar contra os laboratórios que não
cumprirem o protocolo de intenções, porque, agindo assim, essas
empresas estão contra as pessoas
que precisam de remédios.
(MARIANA VIVEIROS)
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