São Paulo, sexta, 8 de agosto de 1997.



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Governo não aceita permanência em escola


Existem em SP 600 mil moradores de cortiços, segundo a prefeitura; para os sem-teto, o número correto é de 2,5 milhões de encortiçados


Matuiti Mayezo/Folha Imagem
Sem-teto na escola estadual Professora Francisca Teixeira Camargo, na zona leste de São Paulo


da Reportagem Local

Segundo o chefe de gabinete da Secretaria da Casa Civil, Flavio Patrício, a ULC (Unificação da Lutas de Cortiços) seria excluída das negociações com o setor habitacional do governo, se tivesse havido necessidade emprego da força na reintegração de posse do prédio da rua do Carmo.
Patrício disse ontem que o governo também não tolerará que os ex-invasores fiquem na escola estadual Professora Francisca Teixeira de Camargo, na Penha (zona leste), por mais do que o prazo de três dias estipulado no acordo.
"Não busquem uma posição de força. O que interessa ao governo é uma posição de parceria", recomendou à ULC no final da reunião de ontem.
Segundo Patrício, durante as reuniões de negociação que antecederam a desocupação do imóvel, o governo do Estado ofereceu aos invasores vagas de aluguel, em lugar que ele não divulgou, por um período de quatro meses.
"Mas eles foram intransigentes e não aceitaram. Não dá para entender por que eles desperdiçaram essa oportunidade", declarou o chefe de gabinete.
Na opinião de Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, líder dos invasores, a opção de ir para o Cetren (Centro de Triagem e Encaminhamento), caso a situação não seja resolvida em três dias, é inviável.
"Nenhuma de nossas famílias vai aceitar ir pro Cetren. Lá não é lugar para para alojar famílias, é para quem não tem perspectiva", afirmou Gegê.
Benedito Roberto Barbosa, coordenador da UMM (União dos Movimentos por Moradia), declarou que os sem-teto vão discutir formas de pressão, mas que não está definida a invasão de escolas, como foi cogitado por Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares. Bonfim anunciou anteontem que o movimento pode invadir escolas vazias da capital, caso o governo não defina uma política habitacional para cortiços e favelas.



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