São Paulo, sexta, 8 de agosto de 1997.



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Condições foram constatadas durante visita à penitenciária
Preso paraplégico não tem médico e corre risco de vida

RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

Os presos paraplégicos e tetraplégicos da Penitenciária do Estado continuam vivendo sem cuidados de médicos e enfermeiros, sofrem com feridas causadas pela falta de atendimento especializado e correm risco de vida.
Essas foram as constatações do deputado estadual Renato Simões, da comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, e de Armando Tambelli, da Pastoral Carcerária, depois de uma visita, ontem à tarde, aos presos deficientes.
"Em dois meses, desde a nossa última visita, pouco ou nada mudou. Há 35 paraplégicos e um tetraplégico vivendo no hospital em péssimas condições", disse o deputado, à saída do hospital.
A imprensa, autorizada pela Justiça a acompanhar a visita, foi impedida de entrar por Lourival Gomes, diretor da Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo), alegando razões de segurança.
As afirmações dos deputados são confirmadas pelos parentes de presos deficientes. Leni Aparecida Varela Pozo, 49, mãe do preso A.R.P., 28, diz que seu filho tem partes da pele necrosadas por falta de atendimento.
"Meu filho está apodrecendo aqui dentro. Quem cuida dele são os outros presos, não tem médico, fisioterapia, nada." Ela diz que colheu urina do filho e levou para um médico particular para fazer exames. "O resultado deu que ele está no último grau de infecção."
Armando Tambelli, da Pastoral Carcerária, relata ainda o caso de um preso que, há três meses, aguarda uma cirurgia para retirada de uma bala alojada no abdômen e correção de uma fratura exposta. A cirurgia já foi marcada, mas o preso não pôde ser operado por falta de escolta disponível.
Simões disse que irá acionar o governo do Estado civil e criminalmente pelas mortes de dois presos deficientes, ocorridas em junho. "O Ministério Público determinará quem deve ser responsabilizado pelas mortes."

Outro lado
O secretário da Administração Penitenciária, João Benedicto de Azevedo Marques, disse que ontem mesmo uma correição, solicitada por ele, foi iniciada para verificar as irregularidades dentro do hospital.
Marques diz que o hospital onde os presos estão alojados não é instalação adequada e afirma que há planos de construir um hospital para atender somente ao sistema prisional. A obra ainda não tem lugar definido para ser erguida.
O secretário afirmou ainda que está sendo solicitada a contratação de 250 profissionais de saúde para o sistema.



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