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Condições foram constatadas durante visita à penitenciária
Preso paraplégico não tem
médico e corre risco de vida
RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local
Os presos paraplégicos e tetraplégicos da Penitenciária do Estado continuam vivendo sem cuidados de médicos e enfermeiros, sofrem com feridas causadas pela falta de atendimento especializado e
correm risco de vida.
Essas foram as constatações do
deputado estadual Renato Simões,
da comissão de Direitos Humanos
da Assembléia Legislativa, e de Armando Tambelli, da Pastoral Carcerária, depois de uma visita, ontem à tarde, aos presos deficientes.
"Em dois meses, desde a nossa
última visita, pouco ou nada mudou. Há 35 paraplégicos e um tetraplégico vivendo no hospital em
péssimas condições", disse o deputado, à saída do hospital.
A imprensa, autorizada pela Justiça a acompanhar a visita, foi impedida de entrar por Lourival Gomes, diretor da Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo), alegando razões de segurança.
As afirmações dos deputados são
confirmadas pelos parentes de
presos deficientes. Leni Aparecida
Varela Pozo, 49, mãe do preso
A.R.P., 28, diz que seu filho tem
partes da pele necrosadas por falta
de atendimento.
"Meu filho está apodrecendo
aqui dentro. Quem cuida dele são
os outros presos, não tem médico,
fisioterapia, nada." Ela diz que colheu urina do filho e levou para um
médico particular para fazer exames. "O resultado deu que ele está
no último grau de infecção."
Armando Tambelli, da Pastoral
Carcerária, relata ainda o caso de
um preso que, há três meses,
aguarda uma cirurgia para retirada de uma bala alojada no abdômen e correção de uma fratura exposta. A cirurgia já foi marcada,
mas o preso não pôde ser operado
por falta de escolta disponível.
Simões disse que irá acionar o
governo do Estado civil e criminalmente pelas mortes de dois presos
deficientes, ocorridas em junho.
"O Ministério Público determinará quem deve ser responsabilizado
pelas mortes."
Outro lado
O secretário da Administração
Penitenciária, João Benedicto de
Azevedo Marques, disse que ontem mesmo uma correição, solicitada por ele, foi iniciada para verificar as irregularidades dentro do
hospital.
Marques diz que o hospital onde
os presos estão alojados não é instalação adequada e afirma que há
planos de construir um hospital
para atender somente ao sistema
prisional. A obra ainda não tem lugar definido para ser erguida.
O secretário afirmou ainda que
está sendo solicitada a contratação
de 250 profissionais de saúde para
o sistema.
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