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NO PARÁ
Professores dizem que equipamento e instalações são ruins; para fornecedoras, eles fazem mau uso do equipamento
Pará não usa dois terços dos kits
ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Belém
Em cada três escolas do Pará que
receberam o kit do TV Escola,
duas não estão usando o material.
Equipamento de má qualidade e
professores sem treinamento são
as causas do desperdício.
O investimento para o programa
chega a R$ 3,3 milhões no Estado.
Esse diagnóstico é apontado pelo
Ministério da Educação em um re
latório de maio deste ano.
Uma amostragem da Secretaria
Estadual da Educação, feito em
Belém em junho, mostra uma si
tuação ainda pior: das 37 escolas
com pesquisadas, apenas cinco
(13,5%) usam o TV Escola.
"Não maquiamos os dados e es
tamos atacando o problema", dis
se Tereza Donato de Araújo, coor
denadora estadual do TV Escola.
Na rede estadual, das 3.777 esco
las com mais de cem alunos, rece
beram os kits 1.906 escolas.
Entre as municipais, não há da
dos sobre quantas escolas podem
receber, mas, em 68 municípios,
estão instalados 649 kits.
"Nosso maior problema é a pés
sima qualidade do material insta
lado", disse a coordenadora. A de
legada da MEC no Pará, Ruth Cos
ta, e os diretores de escola ouvidos
pela Agência Folha concordam.
A secretaria da Educação fez
uma concorrência única para
comprar os kits. Os vencedores fo
ram Cineral Eletrônica (TVs e ví
deos), Hot Sat (parabólicas e sin
tonizadores) e Global (instalação).
Diretores e professores disseram
que os aparelhos queimam com
facilidade, não sintonizam e há
instalações mal feitas. Eles tam
bém pediram treinamento.
"Estamos em contato com os
fornecedores e já demos works
hops para mais de 2.000 professo
res", disse Tereza.
Outro lado
As fornecedoras discordam e
culpam os professores, "que não
sabem usar o equipamento".
O presidente da Cineral, Abdo
Hadade, negou defeitos e disse que
dá garantia e assistência técnica
nas principais cidades paraenses.
"Não podemos responder pela
má qualidade do kit. Apenas insta
lamos", disse Tânia Silva, gerente
da Global, que instalou 1.398 ante
nas em dez meses.
"Recebemos equipamentos pa
ra manutenção todos os dias", dis
se o subgerente da Hot Sat, Rai
mundo de Albuquerque Júnior.
"Além do mau uso, o forneci
mento de energia no Pará é péssi
mo. A voltagem, nominal de 110
volts, varia de 90 volts a 160 volts.
O governo deveria exigir estabili
zadores de tensão", completou.
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