São Paulo, segunda, 8 de setembro de 1997.



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NO PARÁ
Professores dizem que equipamento e instalações são ruins; para fornecedoras, eles fazem mau uso do equipamento
Pará não usa dois terços dos kits

ESTANISLAU MARIA
da Agência Folha, em Belém

Em cada três escolas do Pará que receberam o kit do TV Escola, duas não estão usando o material.
Equipamento de má qualidade e professores sem treinamento são as causas do desperdício.
O investimento para o programa chega a R$ 3,3 milhões no Estado.
Esse diagnóstico é apontado pelo Ministério da Educação em um re latório de maio deste ano.
Uma amostragem da Secretaria Estadual da Educação, feito em Belém em junho, mostra uma si tuação ainda pior: das 37 escolas com pesquisadas, apenas cinco (13,5%) usam o TV Escola.
"Não maquiamos os dados e es tamos atacando o problema", dis se Tereza Donato de Araújo, coor denadora estadual do TV Escola.
Na rede estadual, das 3.777 esco las com mais de cem alunos, rece beram os kits 1.906 escolas.
Entre as municipais, não há da dos sobre quantas escolas podem receber, mas, em 68 municípios, estão instalados 649 kits.
"Nosso maior problema é a pés sima qualidade do material insta lado", disse a coordenadora. A de legada da MEC no Pará, Ruth Cos ta, e os diretores de escola ouvidos pela Agência Folha concordam.
A secretaria da Educação fez uma concorrência única para comprar os kits. Os vencedores fo ram Cineral Eletrônica (TVs e ví deos), Hot Sat (parabólicas e sin tonizadores) e Global (instalação).
Diretores e professores disseram que os aparelhos queimam com facilidade, não sintonizam e há instalações mal feitas. Eles tam bém pediram treinamento.
"Estamos em contato com os fornecedores e já demos works hops para mais de 2.000 professo res", disse Tereza.
Outro lado
As fornecedoras discordam e culpam os professores, "que não sabem usar o equipamento".
O presidente da Cineral, Abdo Hadade, negou defeitos e disse que dá garantia e assistência técnica nas principais cidades paraenses.
"Não podemos responder pela má qualidade do kit. Apenas insta lamos", disse Tânia Silva, gerente da Global, que instalou 1.398 ante nas em dez meses.
"Recebemos equipamentos pa ra manutenção todos os dias", dis se o subgerente da Hot Sat, Rai mundo de Albuquerque Júnior.
"Além do mau uso, o forneci mento de energia no Pará é péssi mo. A voltagem, nominal de 110 volts, varia de 90 volts a 160 volts. O governo deveria exigir estabili zadores de tensão", completou.



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