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Acidente pode ter quatro responsáveis
da Reportagem Local
Para as vítimas que sofreram danos materiais ou morais no acidente em Osasco, há quatro possíveis responsáveis pela tragédia,
que poderão ser acionados na Justiça, segundo advogados ouvidos
pela Folha.
O grau de responsabilidade de
cada um dependerá do resultado
dos exames periciais no edifício e
da análise das autorizações que a
Igreja Universal tem para funcionar naquele local.
Mas, a princípio, os advogados
apontam quatro potenciais responsáveis: o proprietário do imóvel, o engenheiro responsável pela
última obra na estrutura que falhou, a Prefeitura de Osasco e a
Igreja Universal do Reino de Deus,
que alugava o prédio.
Para Adinan El Kadre, advogado
especializado em direito civil, "a
primeira responsabilidade é do
engenheiro, junto com o proprietário".
Sua opinião está embasada no
artigo 1.528 do Código Civil, que
diz: "O dono do edifício ou construção responde pelos danos que
resultarem de sua ruína, se esta
provier de falta de reparos cuja necessidade fosse manifesta".
Já a responsabilidade do engenheiro é tão grande que, se uma
obra apresenta falha até cinco
anos depois de concluída, cabe ao
engenheiro o ônus da prova, segundo Ademir Alves do Amaral,
gerente do departamento de fiscalização do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia). Ou seja, o engenheiro é que tem de provar que a falha
não foi sua.
El Kadre, no entanto, também vê
responsabilidade da prefeitura no
acidente. Na sua opinião, ela tem
culpa tanto se deu alvará para o
imóvel funcionar como estava,
quanto no caso de não ter sido informada de reformas. "A Prefeitura de Osasco é responsável por
fiscalizar os prédios. Se fizesse isso
direito, não haveria acidente."
Enéas de Oliveira Matos, também advogado especializado em
direito civil, concorda. "Está patente que houve negligência da fiscalização", diz Matos.
Também nesse caso, o Estado é
que tem de provar sua inocência.
Há ainda duas hipóteses que podem acarretar culpa da Igreja Universal, que alugava o prédio.
A primeira é o mau uso do imóvel. "Por exemplo, se o edifício
estava liberado para acomodar até
500 pessoas, e havia 1.000, isso caracteriza um mau uso do prédio",
diz El Kadre.
A outra hipótese é de a Universal
ter promovido reformas por conta
própria na estrutura que desabou.
Segundo a polícia, um bispo da
Universal teria citado, em seu depoimento, uma obra no revestimento do teto, há cerca de três
meses. Ontem, o advogado Alfredo Saulo Kroger, que defende os
proprietários do prédio, reforçou
essa versão.
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