São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998

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Viga central pode ter partido ao meio

CRISPIM ALVES
da Reportagem Local

Análises preliminares feitas por peritos do IC (Instituto de Criminalística) indicam que a viga central do templo da Igreja Universal de Osasco, que tinha 40 metros de comprimento, pode ter quebrado ao meio, provocando o desabamento de parte do telhado.
Na linguagem técnica, a viga teria atingido o seu limite de ruptura. O que se procura saber agora é o que motivou o aumento da envergadura precoce da madeira, uma vez que a hipótese de envelhecimento está quase descartada.
Caso essa linha de raciocínio esteja correta, aumentam as chances de terem ocorrido erro de engenharia na montagem ou reforma da armação ou sobrecarga da estrutura, que teria vindo abaixo impulsionada por um fenômeno conhecido como ressonância (leia texto nesta página).
A tragédia também poderia ter sido provocada por uma junção desses fatores, somando-se a eles, também, a infiltração de água, que poderia reduzir a resistência da madeira. Essa é a principal hipótese trabalhada pelos peritos.
Segundo o IC, qualquer tipo de madeira tem uma envergadura natural, que vai aumentando com o passar do tempo. No caso da peroba -a madeira usada na estrutura do templo-, a vida útil, se não houver alguma intervenção, gira entre 80 e 100 anos.
Os peritos acham pouco provável que a estrutura do telhado tenha vindo abaixo por causa do revestimento acústico que estava pendurado nele. Isso porque o material recolhido para análise é considerado leve, ou seja, a viga poderia suportar sem problemas.

Trincas
Segundo o IC, a principal tesoura (conjunto de peças de madeira que sustenta a cobertura de um edifício) e a extremidade da viga central do templo apresentam trincas, algumas aparentemente antigas. Os próprios peritos descartam, em princípio, que essa teria sido a causa do acidente, pois qualquer madeira trinca um pouco com o tempo. No entanto, se as rachaduras forem muito antigas, elas também contribuiriam para reduzir a resistência da madeira.
Ontem, o IC iniciou os testes que vão indicar se a estrutura foi armada de forma a suportar o peso do telhado, seu próprio peso e as possíveis vibrações internas e externas do prédio. Segundo técnicos, o pé-direito (distância entre o piso e o teto) do edifício -cerca de 20 metros- contribui para a propagação de vibrações internas.
Externamente, a madeira recolhida pelo IC está em boas condições. As análises internas só serão feitas após os testes de resistência. Os peritos avaliaram as pilastras de concreto que sustentavam as vigas e, aparentemente, não detectaram qualquer problema nelas.



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