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Virar universidade é objetivo
da Reportagem Local
A oferta de novas carreiras pelas
faculdades e universidades particulares tem dois determinantes.
"Com certeza, essas carreiras são
chamarizes de novas clientelas.
Caso contrário, os estabelecimentos privados de ensino superior
não arriscariam implementá-las",
diz Helena Sampaio.
O outro determinante é relacionado ao desenvolvimento do sistema particular de ensino superior
nos últimos anos. Sampaio mostra
que, com a Constituição de 1988,
tornar-se universidade virou uma
enorme vantagem para o setor.
A Constituição deu às universidades autonomia para criar e fechar cursos de graduação. Mas as
instituições não universitárias
-como uma faculdade isolada
em um campo de conhecimento- continuaram a depender de
autorização do governo federal
para fazer isso.
Desde então, houve uma verdadeira corrida para se tornar universidade. Em 1985, o país tinha 20
universidades particulares; em
1990, 40; em 1994, 59; em 1996, 76
-quase quatro vezes mais do que
dez anos antes.
Só que, na tradição brasileira,
uma instituição, para ser reconhecida como universidade, tem que
cobrir as várias áreas do conhecimento, além de desenvolver ensino, pesquisa e extensão.
Cursos baratos
O problema é que a enorme expansão do ensino superior privado ocorrida nas últimas três décadas se deu em áreas que exigiam
menos investimento dos empresários da educação -como administração e pedagogia.
Para criar cursos na área de saúde, por exemplo, as privadas precisavam não só investir mais, como atender às fortes exigências
das entidades profissionais -como ocorre na medicina e odontologia.
Assim, proliferaram no setor
privado cursos como fisioterapia,
fonoaudiologia e nutrição, que
são mais baratos de implantar e
têm menos restrições de entidades
profissionais, mostra Sampaio.
O Ministério da Educação tentou mudar essa forte disputa entre
as faculdades para se tornar universidade com a introdução dos
centros universitários, criados pela nova Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, de dezembro
de 1996.
Como as universidades, os centros universitários têm autonomia
para abrir e fechar cursos, mas
não precisam atuar em todas as
áreas do conhecimento.
(FR)
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