São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998

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Virar universidade é objetivo

da Reportagem Local

A oferta de novas carreiras pelas faculdades e universidades particulares tem dois determinantes. "Com certeza, essas carreiras são chamarizes de novas clientelas. Caso contrário, os estabelecimentos privados de ensino superior não arriscariam implementá-las", diz Helena Sampaio.
O outro determinante é relacionado ao desenvolvimento do sistema particular de ensino superior nos últimos anos. Sampaio mostra que, com a Constituição de 1988, tornar-se universidade virou uma enorme vantagem para o setor.
A Constituição deu às universidades autonomia para criar e fechar cursos de graduação. Mas as instituições não universitárias -como uma faculdade isolada em um campo de conhecimento- continuaram a depender de autorização do governo federal para fazer isso.
Desde então, houve uma verdadeira corrida para se tornar universidade. Em 1985, o país tinha 20 universidades particulares; em 1990, 40; em 1994, 59; em 1996, 76 -quase quatro vezes mais do que dez anos antes.
Só que, na tradição brasileira, uma instituição, para ser reconhecida como universidade, tem que cobrir as várias áreas do conhecimento, além de desenvolver ensino, pesquisa e extensão.

Cursos baratos
O problema é que a enorme expansão do ensino superior privado ocorrida nas últimas três décadas se deu em áreas que exigiam menos investimento dos empresários da educação -como administração e pedagogia.
Para criar cursos na área de saúde, por exemplo, as privadas precisavam não só investir mais, como atender às fortes exigências das entidades profissionais -como ocorre na medicina e odontologia.
Assim, proliferaram no setor privado cursos como fisioterapia, fonoaudiologia e nutrição, que são mais baratos de implantar e têm menos restrições de entidades profissionais, mostra Sampaio.
O Ministério da Educação tentou mudar essa forte disputa entre as faculdades para se tornar universidade com a introdução dos centros universitários, criados pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de dezembro de 1996.
Como as universidades, os centros universitários têm autonomia para abrir e fechar cursos, mas não precisam atuar em todas as áreas do conhecimento. (FR)


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