São Paulo, domingo, 08 de outubro de 2006 |
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Peritos trabalham 12 horas por dia para identificar vítima Para facilitar perícia, foi montada tenda fora do IML
LETÍCIA SANDER DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Há vários aspectos terríveis em um acidente aéreo como o que vitimou 154 pessoas no vôo 1907 da Gol, mas para os peritos envolvidos no difícil trabalho de identificação dos corpos que chegam ao Instituto Médico Legal de Brasília, o impacto emocional é associado a uma dificuldade prática: o olfato. O avançado estado de decomposição dos corpos e restos humanos que chegam foi notado logo quando as duas primeiras vítimas foram trazidas: o prédio foi tomado pelo forte odor e surgiu a idéia de acondicioná-los fora do instituto. Com isso, os cerca de cem peritos trabalham parte do tempo sob uma tenda de campanha. Fãs de CSI -seriado que trata do trabalho de peritos-, alguns chegam a gravar os episódios e trazer para o dia-a-dia o que vêem na ficção. "Mas tudo lá aparece muito fácil, muito prático. Nem sempre é assim", diz José Luiz Lopes, diretor da Associação dos Peritos Papiloscópicos de Brasília. Apesar da experiência, ele conta que é normal, como no caso das vítimas da Gol, que os peritos fiquem sensibilizados e abatidos. "Uma coisa é ver duas, três vítimas. Outra é ver mais de 30 juntas", diz. Os peritos chamam as digitais de "a rainha de todas as provas". O método, segundo o diretor do Instituto de Identificação da Polícia Civil do Distrito Federal, Iverton Carvalho, é 99,99% seguro. Envolvida no reconhecimento das vítimas, a perita Mary Bessa Monteiro, diretora-adjunta do Instituto de Identificação do DF, tem trabalhado mais de 12 horas por dia. Com 30 anos de profissão, tira de letra a visão das vítimas, mas admite que o cheiro é o lado mais desagradável. Uma das dificuldades da perícia é que, em casos de morte tensa, normalmente a vítima fica com músculos enrijecidos e os punhos cerrados. É o que vem sendo notado no caso do acidente, indicando que as vítimas tiveram algum tempo de consciência entre o choque com o Legacy e a morte. Os peritos precisam massagear os corpos, para desfazer a rigidez e colher as digitais. Texto Anterior: Vôo 1907: Ação mobilizou militares brasileiros até no Chile Próximo Texto: Vôo 1907/Investigação: Acidente da Gol causa guerra de acusações Índice |
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