São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2000


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EDUCAÇÃO
Em 99, problema atingiu 82% de 520 escolas de SP; governo diz que tem projeto para reduzir números
Cresce violência em escolas, diz estudo

ANTÔNIO GOIS
da Reportagem Local

No ano passado, 82% de 520 escolas estaduais de São Paulo sofreram algum tipo de violência. É o que mostra o estudo Violência nas Escolas, do Udemo (Sindicato de Especialistas em Educação do Magistério Oficial do Estado de São Paulo).
Na opinião de 40% dos diretores ouvidos no levantamento, a violência aumentou em 1999. Para 32% dos diretores, ela manteve o mesmo nível dos anos anteriores, enquanto apenas 28% afirmaram que ela diminuiu.
Os casos mais comuns são de depredações a móveis, lâmpadas, vidros e outros objetos da escola. Esse tipo de violência aconteceu em 72% das escolas. As brigas (62%) e pichações (53%) também foram lembradas pelos diretores.
O que mais impressionou o presidente do Udemo, Roberto Augusto Leme, no entanto, foi o grande número de casos de explosões de bombas em escola. Quase a metade dos diretores ouvidos (48%) afirmou ter acontecido um caso de explosão de bomba em banheiros ou telhados na sua escola.
"Geralmente, são bombas caseiras, feitas pelos alunos. Mesmo assim, elas assustam, fazem estragos e podem ferir alguém gravemente", afirma Leme.
Um dos fenômenos mais preocupantes nas escolas, segundo Leme, é a formação de gangues de alunos, que brigam entre si e, às vezes, chegam até a ameaçar os diretores. "Já recebemos denúncias até de professores que têm medo de sair sozinhos da escola e esperam os colegas para poder ir para a casa em grupo", diz o presidente do Udemo.

Metodologia
Para chegar a esses resultados, o Udemo enviou questionários a todas as 6.400 escolas estaduais de São Paulo. Enviaram respostas, no período de 16 de novembro a 3 de dezembro, 520 diretores, o que representa 8% do total.
Essa é a quinta edição da pesquisa e foi a primeira vez que o Udemo ampliou o estudo para todo o Estado (as pesquisas anteriores eram restritas ao interior ou à capital).
"Vamos entregar o resultado da pesquisa para as secretarias de Educação e de Segurança Pública de São Paulo", diz o presidente do Udemo.
A assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Educação informou que um dos projetos desenvolvidos pelo Governo do Estado para diminuir a violência nas escolas é o Parceiros do Futuro, lançado em agosto do ano passado na capital.
O objetivo do projeto é criar melhores condições de inserção dos jovens na sociedade, afastando-os da marginalização. Em 102 regiões da capital e da Grande São Paulo, são realizadas em escolas, nos fins de semana, atividades esportivas e culturais. Uma das propostas do Parceiros do Futuro é trazer a comunidade (moradores, comerciantes, pais de alunos) para dentro da escola.
Os técnicos da secretaria informaram que não comentariam a pesquisa porque ainda não receberam, oficialmente, o estudo do Udemo.



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