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Pesquisa e medo de prejuízos eleitorais fizeram Covas agir
KENNEDY ALENCAR
da Reportagem Local
O temor de prejudicar o PSDB
na eleição municipal de outubro e
a diminuição do apoio dos paulistanos ao sistema de lotações levou
o governador de São Paulo, Mário
Covas, a mudar de atitude e entrar na guerra dos perueiros.
A primeira medida foi aceitar se
reunir hoje com o prefeito da capital, Celso Pitta, que tem pedido
a ajuda de Covas para enfrentar os
protestos de perueiros, que começaram no dia 20. O governador vinha se recusando a fazê-lo, dizendo ser atribuição da prefeitura fiscalizar lotações irregulares.
A segunda medida que marca a
mudança de atitude foi intensificar a repressão aos perueiros. O
governo estadual continua fora
da fiscalização, mas aumentou o
número de operações policiais
para pegar motoristas que estejam envolvidos em crimes e que
cometam infrações de trânsito.
A Folha apurou que auxiliares
de Covas argumentaram com ele
que a violência dos protestos dos
perueiros (13 ônibus queimados,
uma dezena de feridos e três mortos) transformava a questão também em um problema de segurança pública, o calcanhar-de-aquiles de sua gestão.
Em ano de eleição, o virtual candidato do PSDB, o vice-governador Geraldo Alckmin, seria prejudicado se o eleitor entendesse que
Covas se recusou a enfrentar um
problema grave. Alckmin, apesar
de ter estrelado comerciais do
PSDB, teve apenas 2% na última
pesquisa Datafolha de sucessão.
Nos comerciais, Alckmin foi
vendido como um político que fará na capital o que Covas fez no
governo do Estado. Tucanos consideraram um tiro na candidatura
a polêmica entre Covas e Pitta que
começou no dia 25 de janeiro e
que transmite a idéia de omissão.
A gota d"água veio com a pesquisa Datafolha publicada no domingo. Ela mostrou que, entre
outubro de 97 e fevereiro deste
ano, caiu de 79% para 65% a
aprovação dos paulistanos ao sistema de lotações. Auxiliares persuadiram o governador a agir,
mesmo com limitações legais.
O mais difícil, porém, não foi
convencer o governador a intensificar as ações policiais -a Secretaria da Segurança Pública diz
que elas já estavam planejadas-,
mas marcar a reunião com Pitta.
Covas está contrariado com Pitta porque ele não cumpriu um
compromisso que teria firmado:
pôr dinheiro municipal no Rodoanel (anel viário de São Paulo).
Segundo auxiliares de Covas, o
governador não considera o prefeito apenas uma ""vítima de Maluf", como disse publicamente diversas vezes, mas um mau administrador e pouco interessado em
contrariar empresas de ônibus.
O governador estava disposto a
se relacionar protocolarmente
com o prefeito, mas, atendendo a
um pedido de deputados e seguindo o raciocínio que o levou à
guerra fiscal após discursar cinco
anos contra ela, resolveu tratar
dos perueiros para não passar a
imagem de omisso.
Covas, um dos presidenciáveis
do PSDB para 2002, surgiu como
o mais mal avaliado no último
ranking de dez governadores o
Datafolha. Sabe que o naufrágio
eleitoral de Alckmin e a persistência da avaliação ruim de sua gestão podem ser mortais para uma
eventual pretensão presidencial.
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