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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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PNEUMONIA ASIÁTICA

Menino chinês de quatro anos, que vive em Sorocaba (SP), esteve na China recentemente; criança passa bem

Segundo caso suspeito é registrado no Brasil

Bobby Yip/Reuters
O professor Malik Peires, da Universidade de Hong Kong, que estuda a origem do vírus da Sars


FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O segundo caso suspeito de pneumonia asiática registrado no Brasil é o de um menino chinês de quatro anos que esteve recentemente no "epicentro" da epidemia da doença, a província de Guangdong, na China.
A criança vive em Sorocaba (a 100 km da capital paulista) e passa bem. Não tem nem febre. Ela começou a apresentar os sintomas da doença -problemas para respirar e febre, principalmente- no último dia 4.
No mundo, a pneumonia asiática, também chamada de Sars (sigla do nome da doença em inglês), já matou 103 pessoas. O agente causador ainda não foi identificado, mas os estudos apontam para um vírus.
Uma jornalista britânica de 41 anos que está internada no hospital Albert Einstein, na região oeste da capital, foi o primeiro caso suspeito registrado. As autoridades de saúde, na semana passada, reclassificaram o caso como provável, em razão dos achados de uma radiografia dos pulmões dela.
A jornalista terá alta amanhã. Segundo seu médico, Rudolf Hutzler, ela terá de continuar a tomar antibióticos até domingo. A administração de antiviral foi suspensa. Especialistas da OMS (Organização Mundial da Saúde) ainda analisam a radiografia.

Isolamento
Até ontem, o menino chinês estava internado no Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em Campinas (95 km da capital), mas deve receber alta em breve e ficar em isolamento domiciliar até o próximo dia 14. A medida segue recomendação da OMS.
As pessoas que vivem com a criança também deverão limitar as atividades, informou o superintendente da Sucen (Superintendente de Controle de Endemias do Estado de São Paulo), Luiz Jacintho da Silva.
De acordo com Silva, não há risco para vizinhos. As 30 crianças que são da mesma sala do menino em uma escolinha em Sorocaba já foram examinadas por uma equipe da Secretaria Estadual da Saúde e não apresentam sintomas. No total, há 150 alunos na escola, e todos serão acompanhados.
O menino ficou um mês na província, de onde saiu no dia 20 de março. No dia 23, esteve em Hong Kong, outro local com transmissão da pneumonia asiática. No dia 24, embarcou em um vôo da South African Airways com escala de quatro horas na África do Sul.
A criança teria desembarcado no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, Grande São Paulo, no dia 27, e seguido para Sorocaba na mesma data. O número do vôo não foi informado pela secretaria.
A equipe da secretaria estadual tenta reconstruir o trajeto do menino para averiguar se outras pessoas que tiveram contato com ele apresentam sintomas. Até agora, há evidências de que a pneumonia asiática é transmitida principalmente por contato muito próximo com o paciente. Segundo Silva, como ele está bem, não será feito exame bacteriológico.
O diretor do Cenepi (Centro Nacional de Epidemiologia), Jarbas Barbosa, disse que não será necessário acompanhar os passageiros do vôo porque o paciente não apresentava os sintomas durante a viagem.
Barbosa afirmou ainda que na próxima quinta-feira haverá uma reunião em Brasília com representantes de secretarias estaduais de saúde, hospitais de referência e outros técnicos para tratar da doença. Serão repassadas informações divulgadas pela OMS e normas de biossegurança.


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