São Paulo, sábado, 9 de maio de 1998

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SAÚDE
Novo método permite identificar doenças no embrião antes que ele seja implantado no útero de mulher infértil
País testa técnica para "melhorar' embrião

RICARDO ZORZETTO
da Reportagem Local

Uma nova técnica que permite diagnosticar doenças no embrião antes que ele seja implantado no útero e aumentar as chances de sucesso na gravidez de mulheres submetidas a tratamento de infertilidade deverá ser testada pela primeira vez no país em julho.
O anúncio da implantação da técnica no Brasil foi feito ontem por médicos do Centro de Reprodução Assistida Fertility, durante a oficina "Medicina Reprodutiva: o que há de novo", evento promovido pelo centro em São Paulo.
O exame, conhecido como biópsia pré-implantacional, deverá ser realizado com 20 mulheres pelos cientistas do Fertility.
A escolha das pacientes foi feita com base na dificuldade que tinham para engravidar.
A maioria delas (11 mulheres) tem 39 anos ou mais, idade considerada avançada para uma gravidez segura. Entre as restantes, quatro têm predisposição para doenças genéticas, e outras cinco já haviam se submetido a fertilizações in vitro sem sucesso.
No teste, os médicos retiram uma célula do embrião com cerca de três dias (quando ele tem de seis a oito células) e analisam seus cromossomos para ver se há defeito.
"Isso permite selecionar somente os melhores embriões para serem implantados", disse Edson Borges Jr., diretor do Fertility.
Segundo Borges, a técnica permite, durante a retirada da célula para análise, eliminar células mortas aderidas ao embrião. Isso aumenta a possibilidade de a gravidez ter sucesso.
Durante o evento, do qual participaram cerca de 150 especialistas do Brasil e de países da América do Sul, os médicos também discutiram outras técnicas que permitem melhorar a reprodução artificial.
À tarde, os especialistas participaram de uma videoconferência com a pesquisadora Gloria Calderon, do Instituto de Ciência e Medicina Reprodutiva Saint Barnabas, nos Estados Unidos.
Clonagem
Ela falou de técnicas de transplante de núcleo e de citoplasma de óvulos, de maturação de espermatozóides e de clonagem.
Calderon disse que a clonagem, como a da ovelha Dolly, em que o núcleo de uma célula de uma ovelha adulta foi implantado em um óvulo de outra ovelha, é um "procedimento com mais efeito na mídia do que na prática clínica".
Mas ela disse também que outro tipo de clonagem, a separação das células iniciais de um embrião dando origem a outros embriões, poderá ser usado no futuro para o ser humano. Isso deverá evitar que mulheres com dificuldade para engravidar tenham de se submeter a tratamentos várias vezes, pois parte dos embriões poderia ser guardada para implantes futuros.



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