|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Novo método permite identificar doenças no embrião antes que ele seja implantado no útero de mulher infértil
País testa técnica para "melhorar' embrião
RICARDO ZORZETTO
da Reportagem Local
Uma nova técnica que permite
diagnosticar doenças no embrião
antes que ele seja implantado no
útero e aumentar as chances de sucesso na gravidez de mulheres
submetidas a tratamento de infertilidade deverá ser testada pela primeira vez no país em julho.
O anúncio da implantação da
técnica no Brasil foi feito ontem
por médicos do Centro de Reprodução Assistida Fertility, durante
a oficina "Medicina Reprodutiva:
o que há de novo", evento promovido pelo centro em São Paulo.
O exame, conhecido como biópsia pré-implantacional, deverá ser
realizado com 20 mulheres pelos
cientistas do Fertility.
A escolha das pacientes foi feita
com base na dificuldade que tinham para engravidar.
A maioria delas (11 mulheres)
tem 39 anos ou mais, idade considerada avançada para uma gravidez segura. Entre as restantes,
quatro têm predisposição para
doenças genéticas, e outras cinco
já haviam se submetido a fertilizações in vitro sem sucesso.
No teste, os médicos retiram
uma célula do embrião com cerca
de três dias (quando ele tem de seis
a oito células) e analisam seus cromossomos para ver se há defeito.
"Isso permite selecionar somente os melhores embriões para
serem implantados", disse Edson
Borges Jr., diretor do Fertility.
Segundo Borges, a técnica permite, durante a retirada da célula
para análise, eliminar células mortas aderidas ao embrião. Isso aumenta a possibilidade de a gravidez ter sucesso.
Durante o evento, do qual participaram cerca de 150 especialistas
do Brasil e de países da América do
Sul, os médicos também discutiram outras técnicas que permitem
melhorar a reprodução artificial.
À tarde, os especialistas participaram de uma videoconferência
com a pesquisadora Gloria Calderon, do Instituto de Ciência e Medicina Reprodutiva Saint Barnabas, nos Estados Unidos.
Clonagem
Ela falou de técnicas de transplante de núcleo e de citoplasma
de óvulos, de maturação de espermatozóides e de clonagem.
Calderon disse que a clonagem,
como a da ovelha Dolly, em que o
núcleo de uma célula de uma ovelha adulta foi implantado em um
óvulo de outra ovelha, é um "procedimento com mais efeito na mídia do que na prática clínica".
Mas ela disse também que outro
tipo de clonagem, a separação das
células iniciais de um embrião
dando origem a outros embriões,
poderá ser usado no futuro para o
ser humano. Isso deverá evitar que
mulheres com dificuldade para
engravidar tenham de se submeter
a tratamentos várias vezes, pois
parte dos embriões poderia ser
guardada para implantes futuros.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|