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"Hospitais devem testar os remédios"
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
A secretária da Vigilância Sanitária, Marta Nóbrega, anunciou
ontem que está recomendando a
grandes compradores de medicamentos, principalmente hospitais,
que testem os remédios antes de
colocá-los em uso e que exijam
dos distribuidores a comprovação
de que são licenciados.
A medida foi determinada depois da morte do bebê Ana Carla
de Souza Nascimento, de 9 meses,
que tomou uma falsificação do antibiótico Trioxina comprada pela
Santa Casa da Misericórdia de Valença (RJ).
O hospital adquiriu o remédio
de um distribuidor que não tinha a
licença exigida pela Vigilância Sanitária para funcionamento.
No Brasil, 80% dos medicamentos comercializados vão do detentor do registro -laboratório, fabricante ou o importador- para
uma distribuidora do produto;
15% vão diretamente para grandes
redes de farmácia e 5% diretamente para farmácias individuais ou
hospitais.
O país tem registro de 14 mil
itens de medicamentos, um mercado de R$ 10 bilhões anuais.
O fabricante do medicamento
precisa estar autorizado pela Vigilância Sanitária e o remédio produzido deve estar registrado no
Ministério da Saúde. O mesmo se
aplica a importadores.
As distribuidoras de medicamentos também precisam de licença da Vigilância Sanitária para
funcionarem.
"O problema é que a distribuidora pode comprar o medicamento de outra distribuidora. Nesse
processo, acaba sendo comercializado produto de laboratório clandestino", diz Marta Nóbrega.
"Estamos querendo aumentar o
vínculo da distribuidora com o
detentor de registro", afirma.
Além disso, para o grande comprador final, como hospitais, a recomendação é que eles testem o
produto em um dos 17 laboratórios oficiais (incluindo de universidades) espalhados pelo país.
Além da Trioxina, nos últimos
meses a Vigilância Sanitária recebeu denúncias de falsificações dos
antibióticos Triaxin e Cefoxitina e
dos medicamentos usados no
combate a câncer Granulokine e
Androcur.
Os frascos foram encontrados
nas cidades mineiras de Uberlândia, Barbacena e Varginha, Rio
Claro (SP), São Paulo, Rio de Janeiro, Valença (RJ) e Porto Alegre.
"Quem falsifica um remédio está interferindo na vida da pessoa
que faz uso dele. Caso de morte,
por enquanto, só soubemos do
bebê. Mas, uma pessoa que toma
um remédio falso contra câncer
certamente terá uma evolução da
doença que não teria se o remédio
fosse o verdadeiro", diz Marta.
Os novos controles devem ser
especificados em portaria até a
próxima quarta-feira.
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