São Paulo, sábado, 9 de maio de 1998

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Distribuidora não tinha licença de venda

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

A distribuidora de remédios que vendeu o antibiótico falso tomado pela menina Ana Carla Nascimento funcionava sem licença sanitária, informou ontem à Folha o chefe da Fiscalização Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde, Edimilson Migowski.
A menina tinha 9 meses e morreu com infecção generalizada após tomar o remédio falso por dez dias, na Santa Casa de Misericórdia de Valença (161 km do Rio).
O Laboratório Central de Saúde Noel Nutels confirmou que o produto não continha o antibiótico ceftriaxone, que combate infecções. Não foi identificada, porém, a composição química do medicamento falso.
Migowski disse que a distribuidora do medicamento, a MPSA Produtos Médicos Hospitalares Ltda., com sede em Petrópolis (66 km do Rio), funcionou por aproximadamente um ano e meio e nunca teve licença.
Migowski nega que tenha havido falha da fiscalização. "É difícil fiscalizar o que, legalmente, não existe. O hospital tem que pedir a nota fiscal e a licença", disse.
A Fiscalização Sanitária vai rastrear os hospitais que compraram remédio da distribuidora. A MPSA foi fechada. Os donos estão presos em Petrópolis, e seu advogado não foi localizado pela Folha.
A Santa Casa de Misericórdia de Valença, onde morreu a menina, está recolhendo os prontuários de todos os pacientes que tomaram o mesmo medicamento que ela. Técnicos examinarão os laudos para saber se o remédio falso influiu nas mortes.
A pediatra Maria da Glória Mesquita, que identificou o remédio falso, disse que ele impediu a melhora da criança. A infecção começou com uma pneumonia e se generalizou.
Ontem, equipes da Fiscalização Sanitária e policiais da Delegacia de Crimes Fazendários interditaram a Disbracom Distribuição e Comércio Ltda., em Bangu, que funcionava com uma licença falsa. Um homem que disse ser advogado da empresa e se identificou como Coité tentou negar as irregularidades, mas não apresentou os documentos exigidos pelos fiscais.



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