|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Programa de R$ 475 milhões seria usado em 25 Estados
BNDES nega verba para construir presídios
RUI NOGUEIRA
em São Paulo
A área social do governo acaba
de sofrer uma nova derrota. O
BNDES negou anteontem os R$
475 milhões prometidos pelo próprio presidente da República, em
junho do ano passado, para a
construção de 52 novos presídios
em 25 Estados. Era o programa
Zero Déficit, para acabar com a
superlotação nos presídios e tirar
os presos das delegacias.
Em reunião no Rio, os técnicos
do BNDES disseram ao diretor do
Departamento Penitenciário Nacional, Sérgio Santiago, que o banco não tinha o dinheiro para fazer
o investimento e preferia participar apenas do programa conjunto
do governo federal e Estados para
a construção de novos presídios.
O Ministério da Justiça não aceita essa troca de prioridade do
BNDES porque não há falta de dinheiro para tocar esse programa.
"Nós queremos o dinheiro para o
Zero Déficit, tal como foi prometido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso", disse ontem à
Folha o ministro da Justiça, Renan
Calheiros.
FHC anunciou o financiamento
do BNDES em junho do ano passado em seu programa de rádio
que vai ao ar às terças-feiras. Depois de dizer que tinha todos os
recursos, R$ 300 milhões, para levar o programa em conjunto com
os Estados, FHC prometeu o financiamento do BNDES.
"O BNDES vai antecipar as verbas e as obras serão iniciadas ainda neste ano (97). Serão penitenciárias, em sua maioria, pequenas
e médias, de 160 vagas e 320 vagas,
e apenas sete de 520 vagas. Todas
isentas dos perigos que rondam
grandes carceragens", disse.
Depois de uma série de rebeliões
violentas de presos, em vários Estados, o governo federal prometeu
construir os presídios necessários
"até o dia 1º de janeiro de 99",
para que "sejam retirados os presos das delegacias de polícia e das
cadeias públicas da Polícia Civil".
O acerto entre Ministério da Justiça e BNDES previa que os repasses para esse programa começariam em agosto, num total de R$
110 milhões até o final do ano. Em
99, mais R$ 324 milhões -o restante, para completar R$ 475 milhões, ainda seria negociado.
Enquanto o programa não sai do
papel, os Estados, em convênio
com o Ministério da Justiça estão
construindo 53 novos presídios.
O governo de São Paulo, por
exemplo, está construindo 12 presídios com recursos próprios e outros nove com dinheiro do governo federal (80%) e uma contrapartida estadual (20%). Mário Covas
espera o dinheiro do BNDES para
construir outros 12 presídios.
Colaborou
André Lozano, da Reportagem
Local
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|