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SAÚDE
Ministério decide que unidades da Federação que executarem gasto mínimo terão mais verba; em 2003, 16 desrespeitaram emenda
União vai premiar Estado que cumprir lei
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo federal decidiu que
receberão mais recursos os Estados que cumprem a emenda
constitucional nš 29, de 2000, que
determinou às unidades da Federação um gasto mínimo de 12%
da receita própria em saúde.
Segundo a última avaliação, referente a 2003, a maioria das secretarias estaduais ignorou a regra. O Ministério da Saúde cobra
aumentos progressivos desde
2000 até que os Estados, a partir
de 2004, atingissem os 12%.
A pasta está na reta final de um
processo de recomposição dos
chamados "tetos financeiros" dos
Estados e decidiu que o cumprimento da emenda será um dos
critérios para ampliar as verbas.
Dos R$ 40 bilhões do orçamento
do Ministério da Saúde, R$ 20,2
bilhões foram repassados às secretarias estaduais em 2004.
A decisão surpreendeu os secretários. "Isso não foi discutido",
afirmou o presidente do Conselho Nacional de Secretários de
Saúde, Marcus Pestana.
No fim de 2004, o ministro
Humberto Costa havia prometido "um prêmio" aos Estados que
vinham cumprindo a emenda. No
entanto, segundo sua assessoria,
decidiu-se que o prêmio deveria
ser algo mais estrutural e menos
esporádico, daí a opção de utilizar
o cumprimento da emenda na
avaliação dos tetos financeiros.
Uma resolução de maio de 2003
do Conselho Nacional de Saúde
fixou o que são gastos no setor e o
percentual que os Estados deveriam cumprir, ano a ano, até chegar aos 12%. É com base nela que
o ministério faz suas análises sobre o desempenho dos Estados.
Mas ainda não há lei específica
sobre o que são despesas em saúde, o que dificulta uma punição a
quem não atinge a marca. O projeto arrasta-se na Câmara dos Deputados desde o início do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Em razão disso, os Estados descumpridores criticam as avaliações do ministério. A pasta, porém, considera a emenda auto-aplicável e alega que a resolução é
um detalhamento.
Segundo a última avaliação, referente a 2003, 16 Estados descumpriram a emenda (veja quadro), deixando de aplicar R$ 1,6
bilhão -o suficiente para manter
por dois anos o combate à Aids.
Relatório da Comissão de Financiamento do conselho mostra
que os Estados descumprem a
emenda desde 2000. O "prejuízo"
acumulado passa de R$ 5 bilhões.
Também a União vinha descumprindo a emenda, avalia a comissão, exceto em 2004. O "prejuízo" acumulado passa de R$ 2
bilhões, relata a análise. O governo diz ter feito um aporte em 2004
que saldou a "dívida" de 2003.
O próprio governo Lula, no entanto, descumpre as regras da
emenda 29 no projeto da Lei de
Diretrizes Orçamentárias de 2006,
avalia o Ministério da Saúde.
A pasta considera ilegal a inclusão de gastos com hospitais militares para o cálculo da emenda. O
Conselho Nacional de Saúde vetou o cômputo de despesas com
unidades de clientela fechada, como as militares, no cálculo, e estima uma perda de R$ 500 milhões.
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