São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

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Em escola, alunos marcam na lousa número de vôos por aula

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na escola municipal mais próxima do aeroporto de Congonhas, o ruído incomoda tanto que uma professora propôs uma brincadeira. A cada avião que passava, um aluno ia até a lousa marcar um tracinho. Durante uma aula de 45 minutos, pela manhã, foram 23 vôos.
"Imagina dar aula com uma concorrência dessas. Quando o avião passa, a gente interrompe e espera. A aula fica fragmentada, os alunos se dispersam", diz uma professora, que não quer se identificar.
Ela não acredita que a solução seja transferir a escola para outro endereço. "As crianças do bairro precisam de um lugar perto de casa para estudar."
A mancha de ruído de Congonhas cresceu em direção principalmente do Itaim Bibi e de Moema, bairros de classe média alta de São Paulo. O local está sob a rota de quase 90% das operações do aeroporto, segundo a prefeitura paulistana.
Moradora do Itaim Bibi, a tradutora Thereza Monteil, 51, colocou janelas anti-ruído nos dois quartos. Segundo ela, cada uma custou entre R$2.000 e R$ 3.000. A tradutora reclama do confinamento. "Vivo num "bunker". Não posso ficar na varanda e tenho de manter as janelas sempre fechadas."
Para a arquiteta Denise Lopes, 41, que também mora no Itaim Bibi, a Prefeitura deveria reduzir o IPTU sobre os imóveis das áreas afetadas pelo ruído, que a incomoda, principalmente, quando fala ao telefone.
A presidente da Associação dos Moradores de Moema, a advogada aposentada Lygia Horta, 76, moradora do bairro há 52 anos, diz que, quando vizinhos pedem dicas sobre o que fazer para evitar os ruídos, ela sugere a instalação de vidros duplos e ar-condicionado.
Lygia se considera uma ""vítima de Congonhas". Ela perdeu 66% da audição do ouvido direito. ""Quando estou em um lugar com muita gente falando, não consigo entender nada."
(DF)


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