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Em escola, alunos marcam na lousa número de vôos por aula
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Na escola municipal mais
próxima do aeroporto de Congonhas, o ruído incomoda tanto que uma professora propôs
uma brincadeira. A cada avião
que passava, um aluno ia até a
lousa marcar um tracinho. Durante uma aula de 45 minutos,
pela manhã, foram 23 vôos.
"Imagina dar aula com uma
concorrência dessas. Quando o
avião passa, a gente interrompe
e espera. A aula fica fragmentada, os alunos se dispersam", diz
uma professora, que não quer
se identificar.
Ela não acredita que a solução seja transferir a escola para
outro endereço. "As crianças do
bairro precisam de um lugar
perto de casa para estudar."
A mancha de ruído de Congonhas cresceu em direção principalmente do Itaim Bibi e de
Moema, bairros de classe média alta de São Paulo. O local está sob a rota de quase 90% das
operações do aeroporto, segundo a prefeitura paulistana.
Moradora do Itaim Bibi, a
tradutora Thereza Monteil, 51,
colocou janelas anti-ruído nos
dois quartos. Segundo ela, cada
uma custou entre R$2.000 e R$
3.000. A tradutora reclama do
confinamento. "Vivo num
"bunker". Não posso ficar na varanda e tenho de manter as janelas sempre fechadas."
Para a arquiteta Denise Lopes, 41, que também mora no
Itaim Bibi, a Prefeitura deveria
reduzir o IPTU sobre os imóveis das áreas afetadas pelo ruído, que a incomoda, principalmente, quando fala ao telefone.
A presidente da Associação
dos Moradores de Moema, a
advogada aposentada Lygia
Horta, 76, moradora do bairro
há 52 anos, diz que, quando vizinhos pedem dicas sobre o que
fazer para evitar os ruídos, ela
sugere a instalação de vidros
duplos e ar-condicionado.
Lygia se considera uma ""vítima de Congonhas". Ela perdeu
66% da audição do ouvido direito. ""Quando estou em um lugar com muita gente falando,
não consigo entender nada."
(DF)
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