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DROGAS
Em 1992, eram 2 milhões de usuários, hoje, já são 30 milhões
Consumo de anfetaminas cresce 1.400% nos últimos cinco anos
ANDRÉ LOZANO
enviado especial a Porto Alegre
CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre
O consumo de anfetaminas
-entre elas, o ecstasy- cresceu
no mundo 1.400% nos últimos
cinco anos, segundo dado divulgado ontem pela ONU (Organização das Nações Unidas), em Porto
Alegre.
Em 1992, eram 2 milhões de
usuários de anfetaminas e, hoje,
eles já somam 30 milhões.
O consumo desse tipo de droga
foi o que mais aumentou nesta última década. Ele supera o número
de usuários de cocaína -que são
13,3 milhões- e de heroína -8
milhões- durante esse mesmo
período no mundo.
A anfetamina é uma droga sintética e estimulante que age sobre o
sistema nervoso central, provocando, entre outros sintomas, hiperatividade, perda de sono, irritabilidade e taquicardia.
O número de usuários de anfetaminas divulgado pelo UNDCP
(Programa das Nações Unidas para o Controle Internacional de
Drogas) se refere ao consumo da
droga produzida ilegalmente.
Não está incluído nessa somatória o consumo de anfetaminas legais -como, por exemplo, os remédios para emagrecer.
Combate difícil
O uso abusivo de anfetaminas legais -consumidas em quantidade superior à prescrita pelos médicos- atinge, nos dias de hoje,
227,4 milhões de pessoas.
O chefe de operações do
UNDCP, Giovanni Quaglia, 47,
que participa, em Porto Alegre, do
1º Congresso para Prevenção às
Drogas no Trabalho e na Família,
disse que a expansão da produção
e do consumo de anfetaminas ilícitas preocupa por ser uma droga
difícil de combater.
"Ela é produzida em laboratórios caseiros, a partir da compra
de produtos químicos em farmácias. Qualquer estudante pode
produzi-la na sua casa", disse o
chefe de operações.
O presidente do Confen (Conselho Federal de Entorpecentes),
Luiz Matias Flach, disse que fórmulas de produção desse tipo de
droga sintética estão disponíveis,
ilegalmente, na Internet.
"É uma droga que gera um lucro de 400% sobre o gasto inicial
de produção. Ainda não temos
evidência da produção de anfetaminas clandestinas no Brasil. No
entanto, o país teve uma epidemia
dessa droga nas décadas de 60 e 70.
Muitos jovens morreram e alguns
dos que sobreviveram se tornaram
doentes mentais", disse o presidente Flach.
Ele afirmou que a possível entrada da anfetamina ilícita preocupa
mais do que a provável chegada
em grande volume da heroína.
"Devido à diversidade de fórmulas que estão surgindo, não há
possibilidade de enquadramento
legal dos traficantes, porque as
substâncias químicas usadas na
produção desse tipo de droga nem
sempre estão listadas como ilícitas", afirmou Flach.
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